Catador de reciclagem é morto por PMs que “confundem” madeira com fuzil no Rio

Na manhã desta quinta-feira (5), o catador de materiais recicláveis Dierson Gomes da Silva, que carregava um pedaço de madeira no quintal de casa, como sempre fazia, foi morto por policiais militares do Rio de Janeiro. O caso aconteceu na Cidade de Deus, zona oeste da capital.

 

A vítima, de 50 anos, era morador da comunidade. Segundo a Tribuna Online, o relatório feito pelo 18º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, de Jacarepaguá, a unidade que participava da operação, descreveu que os policiais estavam se sentindo “ameaçados”.

Segundo a polícia, o objetivo da operação seria a prisão de criminosos que fazem parte do crime organizado daquela localidade e roubos na região, além de também apreender armas de fogo. A operação contava com o apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC).

 

Os disparos contra Dierson foram feitos pelo Grupo de Ações Táticas (GAT) da unidade. Depois do ato covarde, os moradores cercaram os agentes e os chamaram de “assassinos”.

“Ele era como uma criança grande, brincava com todo mundo. Devido às adversidades da vida e dificuldade, ele catava recicláveis pela rua. Sempre foi batalhador, na comunidade todo mundo conhecia ele. Era um cara do bem”, disse um morador, sobre o catador morto pela PM.

O erro foi admitido pela corporação em uma nota oficial divulgada. “Uma equipe se deslocava pela localidade do Pantanal, uma área historicamente conflagrada, quando se deparou com um homem conduzindo o que aparentava ser um fuzil, pendurado em uma bandoleira. Os policiais efetuaram disparos e o atingiram. O ferido não resistiu.”

 

A PM, por sua vez, ainda tentou justificar a falha falando que a localidade é “historicamente deflagrada” e que o pedaço de madeira “aparentava ser um fuzil, pendurado em uma bandoleira”.

O órgão informou que instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias da morte. A Polícia Civil fez a perícia no local e, agora, ouve testemunhas. Por outro lado, a PM informou investigar o caso internamente e que as armas dos agentes serão entregues à polícia.

Além disso, o caso foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios da Capital que também realizou perícia no local. Um policial civil ouvido pela reportagem, que preferiu se mantem em anonimato, disse que o objeto realmente se parecia com um fuzil, mas a falha policial é agravada pelo fato do suspeito não ter apontado o objeto em direção aos agentes.

 

 

DCM