Com convocação de 300 mil homens, Rússia registra êxodo e 1.300 prisões

Em apenas 24 horas desde o anúncio por parte de Vladimir Putin da mobilização de 300 mil homens para a guerra na Ucrânia, a Rússia vive uma tentativa de fuga por parte de seus jovens, além de protestos e a prisão de pelo menos 1.300 pessoas.

Fontes em Moscou e Sochi que conversaram com a reportagem do UOL revelaram que, desde a declaração do Kremlin sobre a nova fase da guerra, diversas famílias passaram a se organizar para tentar tirar os jovens do país, além de esconder os homens. “Quem pode está saindo”, afirmou uma mãe na capital russa, pelo telefone na manhã desta quinta-feira.

Hoje, na Rússia, a palavra “guerra” continua sendo proibida e qualquer notícia veiculada sem a chancela das autoridades é considerada como “fake news”, passível de sanções e multas.

Os preços de passagens de avião explodiram ontem e praticamente todos os voos estavam lotados. Sair de Moscou para as capitais europeias já não é uma opção, mas o principal caminho tem sido os voos para a Turquia, que ainda opera rotas para a Rússia.

Para esta semana, apenas uma passagem ainda à venda para o trajeto Moscou-Istambul e, mesmo assim, por 1.400 euros (cerca de R$ 7.100), bem acima da média de preços para essa rota. Todos os 13 voos da Turkish Airlines para esta quinta-feira, saindo da Rússia, estão lotados.

Segundo moradores de Sochi, não há confiança entre os russos de que a mobilização seja apenas parcial e que irá se limitar aos 300 mil homens indicados. O que chamou a atenção das famílias foi a declaração das autoridades de que os estudantes universitários não seriam convocados para a guerra. “Para nós, o recado é exatamente o contrário: os próximos são vocês”, disse um estudante, que se recusa a ver seu nome ou seu curso universitário publicado por temer retaliações.

Apesar disso, a Europa alerta que não dará status de refugiado a quem tentar escapar à mobilização. Letônia, Lituânia e Estônia, que fazem fronteira com a Rússia, deixaram claro que não oferecerão asilo sob esse argumento. “A recusa de cumprir o dever cívico na Rússia ou o desejo de fazê-lo não constitui motivo suficiente para receber asilo em outro país”, disse o governo da Estônia.

Enquanto isso, as prisões de russos em cidades do país ganham novas proporções. Um levantamento realizado pela entidade OVD-Info revelou que, ontem, foram pelo menos 1.300 pessoas detidas, em 38 cidades russas. Mais de mil foram registrados apenas em Moscou e São Petersburgo.

Essas pessoas protestavam contra a guerra e contra a mobilização da população. Mas o governo alertou que quem aderisse às manifestações correria o risco de receber um mandado de prisão de até 15 anos.

Com informações de UOL