Vacinação para crianças de até 1 ano no RN tem baixa adesão

O Rio Grande do Norte luta em 2022 para conseguir atingir as metas para cobertura vacinal infantil. Desde 2018, apenas as vacinas contra hepatite B e a BCG tiveram adesão dentro da meta do Ministério da Saúde. Atualmente, as mais baixas adesões são para Pentavalente (38,67%), Poliomielite (36,34%), Hepatite A (34,37%), dose um da Tríplice Viral (38,42%) e Sarampo (34,16%). A secretaria fez um levantamento que mostra a cobertura vacinal nos últimos cinco anos de imunizantes de rotina para crianças menores de um ano de idade.

De acordo a coordenadora de Imunização da Sesap, Laiana Gabriela, a baixa adesão se dá por diversos fatores, um deles é a chegada da pandemia de covid-19. “Houve uma queda mais acentuada durante a pandemia, mas a pandemia não é a única motivação que levou a essa taxa de cobertura. Então, a gente observa o medo das pessoas da reação da vacina, a questão do acesso ao serviço de saúde, a dificuldade que a população tem de ter acesso ao serviço de saúde (…) outra coisa é a fake news, também, que atingiu de certa forma na baixa cobertura”, explicou.
Sobre o acesso às vacinas, a coordenadora explica que limitações na entrega de fichas de atendimento, horário de funcionamento reduzido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) impõem barreiras à população. “Muitas vezes as pessoas trabalham o dia todo e é o horário que a unidade de saúde está aberta pra vacinar. Então as pessoas vão até mais de uma vez e encontram barreiras, como entrega de fichas, horários reduzidos. São barreiras de acesso que a população tem pra se vacinar, o que também pode favorecer a baixa cobertura”, disse.
Para o infectologista, Kleber Luz, a vacinação é uma ação de saúde pública para proteção tanto do indivíduo, quanto da comunidade. “Quando as pessoas se vacinam contra o sarampo, isso vai evitar que o indivíduo adoeça e cessa a circulação do vírus e, por exemplo, pessoas que não podem ser vacinadas, uma pessoa com queda das defesas e não pode ser vacinada, essa pessoa é protegida porque a comunidade está protegida. Cria-se um campo de força contra a circulação do vírus”, pontua.
Segundo ele, a baixa cobertura também está ligada a questões sociais, como o aumento de custos para combater uma certa doença ou vírus. “Na hora que uma doença começa a ocorrer, ela gera custos para a comunidade”, afirma. “Todo mundo vai gastar dinheiro com aquela doença, com médico, com medicamentos. Então, tudo isso você deixa de gastar porque aquela criança não vai ter sarampo, por exemplo”, finaliza.
De acordo com a infectologista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marise Freitas, os baixos índices de imunização no RN podem colocar a população em risco, mesmo que os não vacinados sejam crianças. “A vacina de BCG, por exemplo, que protege contra formas graves da tuberculose, quando tem uma baixa cobertura, pode expor crianças ao adoecimento de tuberculose, como vou expor a população ao risco de desenvolver formas graves de tuberculose”, explica. “A população precisa compreender que as vacinas protegem de doenças, que algumas delas já estavam até controladas”, conclui.
Ela explica, também, a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que é gratuito. “O SUS tem o melhor programa de imunização do mundo, que é gratuito”, afirma e e finaliza com um apelo aos pais. “Levem suas crianças para se vacinarem, levem nas unidades de saúde (…) Vacinar é um ato de amor, é um ato de cuidado. Estou cuidando de um filho e estou cuidando de uma família na hora que eu levo pra vacinar”.
Ações 
A Sesap promove ações que visam aumentar essa adesão, como visitas aos municípios para realização de diagnóstico. A intenção é entender as dificuldades enfrentadas em todas as cidades com a cobertura vacinal abaixo de 50%. “A gente vem fazendo um trabalho nos municípios com cobertura abaixo de 50% nas vacinas infantis. Então, a gente vai no município, faz um diagnóstico e busca estratégias para melhorar aquela cobertura”, explicou.
O Dia D de vacinação também é uma campanha adotada pela secretaria, parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que visa atender crianças e adolescentes de até 15 anos. A estratégia do Governo Federal é escolher um dia na semana dedicado à vacinação e fazer o máximo de pessoas ter acesso a todas as vacinas do calendário nacional. Os próximos Dia D acontecem nos dias 6 e 20 de agosto, em Natal.
Índice de cobertura vacinal no RN em 2022:
BCG  –  65,58%
Tríplice Viral D1 – 38,42%
Sarampo – 34,16%
Influenza – cerca de 40%
Pentavalente – 38,67%
Rotavírus – 40,06%
Pneumocócica – 42,02%
Poliomielite – 36,34%
Hepatite A – 34,37%
Hepatite B – 62,27%