Natal recebe central de logística para reciclagem de eletrônicos

Natal inaugurou recentemente uma Central de Logística Reversa de Eletrônicos. O objetivo é facilitar os procedimentos, ações e meios para a destinação correta para a reciclagem efetiva dos resíduos eletroeletrônicos. A iniciativa é da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE).

De acordo com a Gerente de Recursos Humanos da ABREE, a “Central de Natal é extremamente importante” porque a Região Metropolitana consome 16 mil toneladas de eletrônicos por ano, segundo estimativas da Associação, que depois se tornam lixo. Hoje, a capacidade máxima de armazenamento da unidade é de 70 mil toneladas por mês.
“Então a gente vem promovendo essas ações para que cada vez mais a gente consiga fazer a logística reversa na maior quantidade de resíduos eletrônicos que a gente puder”, diz, Helen Brito, Gerente de Relações Institucionais da ABREE.
Na capital, existiam até então 15 pontos de recebimento de eletroeletrônicos. Atualmente são 47, distribuídos em shoppings, entidades públicas e outros locais de varejo. Segundo Brito, outra importância da iniciativa é trazer conscientização ambiental. “A gente vem cada vez mais tentando trabalhar a informação, a cultura de que o consumidor precisa fazer o descarte correto”.
Para ela, ao aumentar o número de pontos de recebimento, aumenta a possibilidade dos consumidores levarem seus produtos para o descarte. “Ele está mais próximo de ir pegar o fone de ouvido dele, pegar a geladeira dele, e levar até um ponto para fazer o descarte correto e saber que ele tá com a consciência tranquila, porque ali onde ele tá levando ele vai ter certeza que vai ter a destinação correta”, afirma.
Segundo a gerente, em algumas assistências técnicas as partes do produto são retiradas e o restante é jogado no lixo, podendo ir “para o lixo comum, para os aterros, lixões, que é o que a gente quer evitar”, diz. “Você está aumentando as possibilidades do consumidor fazer o descarte consciente, e a gente faz a destinação.. E aí esse produto final também pode até voltar para a cadeia produtiva”.
Produtos passam por manufatura
A logística reversa é um termo que se consolidou com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal 12.305/2010. Para Helen Brito, Gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), os resíduos eletroeletrônicos não têm diferença com outros tipos de lixo recicláveis, como papéis e plásticos.
“O que muda é o tipo do resíduo. Um eletroeletrônico é complexo, porque o papel por si só é papel, o plástico também. O eletroeletrônico vai ter plástico, vai ter metais, vai ter diversos tipos de matéria-prima”, explica.
Segundo a gerente, os produtos passam por um processo de manufatura reversa, próxima a uma linha de produção. “Ele vai passar por diversos procedimentos, dependendo do tipo do produto, para separar os componentes. O que é plástico com plástico. O que é metal com metal”, diz Helen. Após isso, os produtos são separados e vão para os procedimentos de trituração para chegar a um produto final. “Alguns vão retornar [para a cadeia de eletroeletrônicos], o plástico vai para uma cadeia de plástico e não necessariamente vai para a cadeia do eletroeletrônico. Pode ir para plástico, para alguns setores específicos que vão usar apenas plástico”, comenta.
Um dos motivos de existir um local específico para o tratamento de eletrodomésticos e eletrônicos é o potencial de perigo trazido por esses produtos. “Quando o eletroeletrônico é aberto, ele se torna um resíduo perigoso por conta desses metais. Às vezes ele pode conter fósforo, cobre, diversos tipos de resíduos que podem afetar a saúde humana ou o próprio meio ambiente”, afirma Brito. “O tratamento é um pouco diferenciado e a logística reversa do eletrônico tem essa especificidade”.
Na capital potiguar, a responsável pela Central é uma empresa privada. Por isso, não existem recursos públicos investidos na iniciativa. Mas a forma de gerenciamento depende de cada cidade. Em outros municípios, os responsáveis podem ser cooperativas de reciclagem, por exemplo. Mas, segundo ela, um requisito inicial é ter todas as regulamentações corretas.
“Uma responsabilidade primária é ter todas as licenças e regulamentações para ser o que a gente chama de consolidador. É uma empresa que vai receber o resíduo, trazer para o galpão e armazenar. Depois dessa armazenagem, vai chegar num volume e ele vai acionar a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos, que faz a retirada e envia para uma empresa de manufatura reversa que vai abrir o eletroeletrônico e fazer tratamento e destinação correta”, comenta.
A relação com o município é somente para um termo de cooperação. “Eu fecho um termo de cooperação justamente para trazer essa explicação de que existem as responsabilidades, mas o município está muito mais na parte de comunicação, da educação ambiental. Não tem um gasto a mais, não tem troca de valores”, fala.
Em Natal, a Central de Logística Reversa de Eletrônicos funciona na Natal Reciclagem. O endereço é na rua Adolfo Gordo, 2279, na Cidade da Esperança (zona Oeste). Para conferir os mais de 40 pontos de descarte na capital, basta acessar o site https://abree.org.br/.