Projeto “O passeio do Pequeno Príncipe” é baseado em passagem do escritor por Natal

Afinal, o escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry esteve em Natal 90 anos atrás? A “lenda” persiste, e segue estimulando a imaginação das pessoas tanto quanto a obra do autor. O fato estimulou a elaboração  do projeto “O passeio do Pequeno Príncipe”, um roteiro turístico totalmente baseado na suposta passagem de Exupéry pela capital potiguar e redondezas, principalmente nos pontos que teriam inspirado a criação de “O Pequeno Príncipe”, seu clássico maior. O projeto será apresentado  quinta-feira (23), às 8h30, no Sesc Rio Branco, Cidade Alta. O objetivo é que em breve ele passe a incrementar as rotas turísticas do estado.

O projeto pretende unir a fantasia  do livro à história de Natal, de forma lúdica e com o apelo internacional que “O Pequeno Príncipe” possui. “Temos um valioso produto adormecido, que vez ou outra alguém se lembra, mas nunca foi levado adiante”, afirma Sylvia Serejo, idealizadora do passeio. Segundo ela, esse tipo de turismo cultural e temático é bastante comum em várias partes do mundo, e poderia oferecer ao roteiro natalense habitual algo mais que o “sol e praia” de sempre.
A passagem natalense de Exupéry, algo até hoje não  confirmado com provas, mas que provoca acaloradas discussões entre pesquisadores, seria a base do projeto. De acordo com Sylvia, a ideia é associar as passagens do livro a seus respectivos pontos visitação, utilizando aspectos que os próprios estudiosos elencam como possíveis vestígios da passagem do escritor francês por Natal, e que teriam inspirado partes de seu romance.
Rotas inspiradas
O mais conhecido “link” entre a aventura do Príncipe e Natal é o famoso baobá, árvore de origem africana que figura numa rua de Lagoa Seca, e foi adotada pelo escritor e advogado Diógenes da Cunha Lima, sendo batizada de “baobá do poeta”. Também há exemplares da árvore em Nísia Floresta. Há outros pontos que também teriam inspirado imagens do livro, como as falésias do litoral sul e as dunas do litoral norte.
Além dos locais com paisagens naturais, há outros pontos relatados em reportagens e artigos que podem se conectar com o roteiro de Exupéry, como o Grande Hotel, a Praia do Meio, e a própria Base Área de Parnamirim, onde hoje há um museu/centro cultural sobre a Segunda Guerra. Todos podem ser inseridos no futuro itinerário do passeio.
Sylvia Serejo destaca o potencial do projeto nos territórios da economia criativa, pois os comerciantes e empresários que ficarem no trajeto também seriam altamente beneficiados. “Artesãos, casas de lanches, lojas de souvenirs, empresas de passeios turísticos, todos poderão aproveitar a ideia em seus negócios”, diz. Ela cita como exemplo a artesã Tetê Crochê, que já criou uma linha de bonecos tipo ‘amigurumi’, feitos em crochê, inspirados no  princepezinho de Exupéry.
O projeto já foi aprovado no Programa Djalma Maranhão da Prefeitura do Natal, através do qual o proponente João Paulo Lima da Rocha pretende levantar  recursos para financiar os custos de implantação do novo roteiro. Sylvia também destaca o fato de “O Pequeno Príncipe”  ter entrado em domínio público desde 2014, quando se completou 70 anos da morte de seu autor. Segundo ela, isso dá lastro de segurança jurídica  para empreender a ideia.
A lenda
 O início das suposições sobre a presença de Exupéry em Natal se deu na década de 50. Houve um movimento na tentativa de dar visibilidade ao fato, com uma homenagem a Exupéry liderada à época pelo Diários Associados. Em 1960, surgiu a informação de que haveria uma foto do escritor-aviador onde hoje é a Praia do Meio.
Entre os anos de 1985 e 1995, escritores potiguares como Pery Lamartine e Nilo Pereira escreveram artigos com relatos de testemunhas oculares da presença do francês na cidade. Em 2009, o baobá recebeu a visita do sobrinho-neto de Saint-Exupéry, a convite da prefeitura municipal. Porém, até hoje, a dúvida permanece.