Lojistas abandonam comércio do Centro de Natal

Diminuição do fluxo de pessoas nas principais ruas e avenidas, lojas vazias ou com baixo movimento e diversas empresas fechadas; esse é o atual cenário do berço do comércio natalense: a Cidade Alta.

Dados da Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern) apontam que, em 2011, haviam 2.581 empresas ativas no bairro. Onze anos depois, esse número caiu para 2.043 – entre empresas de serviço, comércio, indústria,e segmentos.

Raimunda Ferreira, mais conhecida como Fátima, é moradora da região há quase 50 anos. Para ela, a diminuição da movimentação na Cidade Alta nos últimos anos impressiona. “Todo dia, toda hora, eu estou aqui no Centro. E a movimentação diminuiu muito. Muitas lojas estão fechando. Antes, a gente fazia tudo por aqui: compras, pagamentos. Agora, não mais. Temos que ir ao shopping pra fazer isso. Ontem eu estava passando por aqui e pensando: ‘Meu Deus, o que era isso aqui que a gente não podia andar, e hoje é limpa, limpa’”, disse.

O empresário Delcindo Mascena atua há mais de 30 anos no Centro de Natal. Ele relata que presenciou a época do comércio pulsante no bairro mais antigo da capital. “Acompanhei tudo de bom e maravilhoso no Centro, onde tinha os maiores movimentos, onde as pessoas vinham fazer compras e onde toda a população da cidade vinha passear. Naquela época não tínhamos shopping center. O shopping era o Centro, onde tinha as melhores lojas, tinha tudo”, relatou.

Francisca Costa tem 60 anos e há 18 vende tapioca em um carrinho de lanches na avenida Rio Branco, em frente a uma loja de departamento que fechou recentemente. “Depois que essa loja fechou, a movimentação caiu muito. Antes eu vendia 60 tapiocas por dia. Hoje eu vendo umas 30. Caíram pela metade, as vendas”, disse a comerciante.

Segundo Delcindo Mascena, um dos motivos para essa ‘debandada’ de pessoas e estabelecimentos da Cidade Alta é a retirada de secretarias municipais do bairro, como a da Saúde e a da Educação.

“Quando elas eram aqui, cada uma gerava cerca de 100 a 300 empregos diretos no bairro. Além disso, milhares de pessoas vinham resolver problemas nessas secretarias. Então, isso gerava movimentação, emprego e renda no comércio. Essa saída de algumas empresas ultimamente é porque não tem venda, não tem movimento, e não tem como o empresário sustentar a sua empresa sem vender”, relatou o empresário.