Endividamento atinge mais de 80% das famílias em Natal, aponta pesquisa

Em agosto de 2025, 83,8% das famílias de Natal estavam endividadas, conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em parceria com o Instituto Fecomércio RN (IFC). O índice representa cerca de 226 mil lares na capital potiguar.

Embora o número de endividados seja elevado, o estudo revelou uma redução na inadimplência — contas em atraso — que chegou a 37,8%, marcando uma queda de 2,3 pontos percentuais em relação ao mês anterior e de 10,9 pontos percentuais na comparação anual com agosto de 2024. Segundo o IFC, essa melhora está ligada ao aumento da renda familiar, renegociações financeiras e mudanças no perfil dos créditos contratados.

O levantamento também destacou que o cartão de crédito continua sendo o principal vilão do orçamento doméstico, exigindo maior controle nos gastos. Além disso, as dívidas possuem um prazo médio de sete meses, enquanto o atraso médio nos pagamentos é de 42 dias. Atualmente, 34,1% da renda das famílias está comprometida com o pagamento de dívidas.

Entre os lares com renda de até 10 salários mínimos, o endividamento alcança 85,8%, evidenciando a vulnerabilidade dessa faixa aos impactos de preços elevados e juros altos. Para o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, embora os dados apontem avanços na capacidade de pagamento, o cenário ainda exige cautela.

“Com a inadimplência recuando e a renda comprometida em patamares elevados, o consumo tende a se concentrar em itens essenciais e em mercados com maior competitividade de preços. Bens duráveis podem apresentar recuperação seletiva, dependendo das condições de parcelamento e prazos,” explicou Queiroz.

A pesquisa reflete os desafios enfrentados pelas famílias natalenses em um contexto econômico marcado por oscilações nos preços e nas taxas de juros. Especialistas recomendam atenção ao uso do crédito e planejamento financeiro como ferramentas para evitar novos ciclos de endividamento.