Uma pesquisa recente realizada pelo Datafolha revelou que 59% dos brasileiros preferem trabalhar por conta própria em vez de buscar um emprego formal com carteira assinada. O levantamento, realizado entre os dias 10 e 11 de junho, entrevistou 2.026 pessoas em 136 municípios do país e evidenciou uma mudança significativa no perfil do trabalhador brasileiro.
A tendência é mais marcante entre jovens de 16 a 24 anos, faixa etária na qual 68% dos entrevistados afirmaram preferir a autonomia do trabalho por conta própria, enquanto apenas 28% demonstraram preferência pelo vínculo empregatício formal. Entre os brasileiros com mais de 60 anos, a preferência pelo trabalho autônomo também é expressiva, com 50% optando por essa modalidade, enquanto 45% ainda valorizam o modelo CLT.
Especialistas apontam que essa transição reflete uma mudança geracional na percepção sobre estabilidade e independência financeira. Contudo, o contador Daniel Carvalho, diretor da Rui Cadete, alerta para os desafios que acompanham o empreendedorismo. “Trabalhar por conta própria exige mais do que vontade de ser independente. É essencial compreender responsabilidades tributárias, financeiras e legais. Muitos trabalhadores iniciam suas atividades sem planejamento e acabam enfrentando problemas no futuro”, explica.
A pesquisa também revelou uma queda na valorização do emprego formal mesmo com remuneração inferior. Em 2022, 77% dos entrevistados priorizavam a segurança da carteira assinada; atualmente, esse número caiu para 67%. Segundo Carvalho, a baixa remuneração e a falta de oportunidades no mercado formal impulsionam muitos brasileiros a empreenderem, muitas vezes sem o devido preparo.
Iniciativas como o Microempreendedor Individual (MEI) e o Simples Nacional têm facilitado a formalização de pequenos negócios, mas demandam organização e conhecimento. “Ser MEI ou optante pelo Simples não elimina obrigações fiscais e financeiras. É necessário manter controle rigoroso das receitas e despesas para evitar problemas futuros”, reforça o especialista.
O cenário aponta para um aumento na busca por autonomia no mercado de trabalho, mas especialistas destacam a importância de planejamento e orientação profissional para garantir a sustentabilidade desse modelo.