É pela rua comprida de paralelepípedo, cercada de casas antigas, que chegamos à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Construída em 1714 pelos escravos, foi erguida com pedras enormes e tem paredes com até um metro e meio de largura, além do piso em pedra lapidada para ficar regular. Tudo reformado na década de 80. Localizada no bairro Cidade Alta, em Natal, ao entrar na capela, bem centralizada, está a imagem original de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Esta é a segunda igreja mais antiga da capital e a única em todo o Rio Grande do Norte que possui celebração das missas em latim.
Com tanta história para contar, é um convite para os fiéis e turistas que visitam o local. Do lado de fora, a igreja é toda formosa e remete à paz com paredes pintadas de branco e detalhes na cor verde clarinho. Em frente tem um mirante construído há cerca de 20 anos de onde é possível apreciar o encontro do Rio Potengi com o mar e o pôr do sol. Um visual incrível eternizado, muitas vezes, em fotos feitas por quem escolhe conhecer um pouco mais sobre a história da cidade.
A igreja faz parte do corredor turístico religioso da capital e o padre Valdir Candido, que hoje é pároco da Catedral Metropolitana de Natal, foi reitor da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos entre os anos de 2020 e 2021. “Durante minha passagem pela capela fui descobrindo os valores estóicos do que representou a escravidão no Brasil. Era o lugar limite dos escravos. Eles não podiam sair de lá e, por este motivo, construíram o templo”.
Segundo o padre, há informação que o cemitério onde os negros eram sepultados é o mesmo lugar onde foi erguida a igreja. “Os escravos viviam à margem da sociedade”, explica.
Hoje, o padre Robson Paulo é reitor da igreja e quem celebra as missas em latim todos os sábados à tarde e domingos em dois horários para comportar os fiéis. “A missa em latim atrai turistas e devotos”, explica.
De acordo com o padre, não é possível saber quando e como a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos chegou à igreja. Sabe-se apenas que é original. O templo conta ainda com outras curiosidades que fazem parte da história. Foi sepultado dentro da capela, o corpo do Monsenhor Lucilo Alves Machado que por muitos anos foi reitor da igreja. “Ele faleceu em 09 de setembro de 2020 aos 91 anos e a vontade do monsenhor de ser enterrado na capela foi realizada”.
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