Descoberta Inédita: Nova Espécie de Pterossauro é Identificada em Vômito Fossilizado no Nordeste

Uma descoberta surpreendente no Museu Câmara Cascudo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), revelou uma nova espécie de pterossauro, um parente próximo dos dinossauros, a partir de um regurgito fossilizado. O fóssil, coletado há cerca de 40 anos na Chapada do Araripe, entre Ceará, Pernambuco e Piauí, permaneceu guardado até ser analisado recentemente.

A pesquisa foi conduzida pela paleontóloga Aline Ghilardi, professora da UFRN, em parceria com outros especialistas. O aluno de biologia William Bruno de Souza Almeida identificou estruturas incomuns enquanto estudava fósseis de peixes do material coletado. Após análise detalhada, os pesquisadores reconheceram ossos pertencentes a dois indivíduos de uma nova espécie de pterossauro, batizada de *Bakiribu waridza*. Este é o primeiro pterossauro filtrador registrado nos trópicos e o primeiro representante do grupo Ctenochasmatidae encontrado no Brasil.

O nome da espécie homenageia o povo indígena Kariri, originário da região da Chapada do Araripe. “Bakiribú” significa “pente” e “waridzá”, “boca”, em referência aos inúmeros dentes finos e alongados usados pelo animal para filtrar pequenos organismos aquáticos, semelhante aos flamingos modernos. Pequeno como um gato, o *Bakiribu waridza* possuía envergadura de cerca de um metro e corpo coberto por estruturas semelhantes a penas.

A descoberta, publicada na revista *Scientific Reports*, é inédita por ser a primeira vez que uma nova espécie é descrita a partir de restos encontrados em regurgito fossilizado. Além disso, o fóssil fornece evidências de interações predador-presa no ecossistema da época, indicando que o pterossauro fazia parte da cadeia alimentar dos dinossauros.

Com características anatômicas intermediárias entre fósseis sul-americanos e europeus, o *Bakiribu waridza* preenche lacunas na compreensão da evolução e distribuição dos pterossauros filtradores. A pesquisa reforça a importância científica da Bacia do Araripe e destaca o papel dos museus na preservação de descobertas paleontológicas cruciais.