Megaoperação na Penha e no Alemão: Estratégia do ‘Muro do Bope’ leva a confronto letal

O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marcelo de Menezes, detalhou na última quarta-feira (29) a estratégia utilizada na megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. A ação policial, considerada a mais letal da história do estado, resultou em 121 mortes, sendo quatro policiais e 117 suspeitos.

Segundo Menezes, a operação contou com a criação de um “muro do Bope”, conceito que envolveu a entrada de agentes pela Serra da Misericórdia. A estratégia consistiu em cercar os criminosos e empurrá-los em direção à área de mata, onde estavam posicionados policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), formando uma linha de contenção. “Distribuímos as tropas pelo terreno, e o diferencial foi a incursão dos agentes na parte mais alta da montanha que separa as comunidades”, explicou o secretário.

A operação começou às 6h e se estendeu até as 21h, com confrontos concentrados nas áreas de mata. De acordo com números oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, 113 suspeitos foram presos, incluindo indivíduos de outros estados como Amazonas, Pará e Pernambuco. A força-tarefa envolveu cerca de 2,5 mil policiais civis e militares.

Apesar do objetivo declarado de proteger a população e minimizar danos colaterais, o impacto sobre os moradores foi significativo. Relatos indicam que ao menos 74 corpos foram encontrados ao longo da madrugada na Praça São Lucas, enquanto outros 63 foram localizados na mata. O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, classificou o número de civis atingidos como “dano colateral muito pequeno”.

A operação foi resultado de uma investigação que durou cerca de um ano. Santos ressaltou que o contexto social das favelas contribui para a complexidade das ações policiais no Rio: “Quase 1/4 da população do estado vive em favelas, enquanto a média nacional é de 8,1%.”

A ação gerou repercussão entre especialistas em segurança pública e defensores dos direitos humanos, reacendendo o debate sobre os limites das operações policiais em áreas urbanas densamente povoadas.