O Rio Grande do Norte atingiu um recorde preocupante no desperdício de energia renovável durante o mês de setembro, segundo dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e consolidados pela consultoria CarpeVie, parceira do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE). O estado foi responsável por 36,01% dos cortes de geração de energia entre todas as unidades da federação, liderando o ranking nacional.
O fenômeno, conhecido como “curtailment”, ocorre quando usinas solares e eólicas precisam reduzir ou interromper a produção devido à insuficiência na capacidade de escoamento da rede de transmissão. De acordo com Darlan Santos, presidente do CERNE, os prejuízos acumulados pelo setor de energia renovável no Brasil já ultrapassam R$ 5 bilhões, evidenciando um gargalo estrutural que afeta diretamente o aproveitamento de fontes sustentáveis.
No acumulado de 2025, o Rio Grande do Norte ocupa a segunda posição entre os estados que mais desperdiçam energia renovável no país, ficando atrás apenas da Bahia. Juntas, as duas unidades da federação concentram uma parcela significativa das perdas no Nordeste, que representa 70% do total nacional. Além disso, outros estados nordestinos como Piauí, Ceará e Pernambuco também aparecem entre os mais impactados.
Especialistas alertam para a necessidade de investimentos urgentes em infraestrutura de transmissão para evitar que o potencial energético da região seja subutilizado. “O Nordeste é uma potência em geração de energia renovável, mas enfrenta limitações estruturais que comprometem o desenvolvimento sustentável e os benefícios econômicos dessa matriz”, destacou Santos.
Com o avanço das fontes renováveis no Brasil, a expectativa é que o problema se torne ainda mais relevante nos próximos anos. A busca por soluções deve envolver tanto o setor público quanto o privado, visando maximizar o aproveitamento da energia limpa e reduzir os prejuízos financeiros e ambientais associados ao desperdício.