Pacientes com diabetes tipo 1 em Natal enfrentam dificuldades graves devido à falta de insulina de longa duração na Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), problema que persiste desde maio. A ausência do medicamento essencial tem colocado em risco a saúde e a vida de pessoas que dependem exclusivamente da medicação para o controle da doença.
Márcio Humberto de Medeiros, eletricista e paciente há 37 anos, relata o impacto direto da situação. Ele necessita de dois tipos de insulina — uma de ação rápida e outra basal, de longa duração — e tem recorrido a empréstimos entre pacientes e grupos de apoio para suprir a necessidade. Com custo elevado no mercado, cada caixa contendo cinco canetas de insulina pode chegar a R$ 1 mil, valor inviável para muitos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
A falta da medicação já trouxe complicações graves para Márcio, que iniciou sessões de hemodiálise devido ao descontrole da diabetes e ao comprometimento renal. “Sem a insulina, nossa saúde se deteriora rapidamente. É desumano”, lamenta.
Mônica Ciríaco, gastróloga e também paciente de diabetes tipo 1, reforça que os medicamentos não são substituíveis entre si e que a ausência da insulina na rede pública é um problema recorrente. “A diabetes tipo 1 não é apenas uma questão de saúde, é uma questão de sobrevivência. Sem o medicamento, podemos morrer”, alerta.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o problema decorre da insuficiência dos carregamentos enviados pelo Ministério da Saúde, órgão responsável pelo fornecimento do insumo. A pasta estadual afirma que um novo lote está previsto para chegar no dia 25 deste mês, mas até lá, os pacientes continuam vulneráveis.
Atualmente, 65 medicamentos estão em falta na Unicat, incluindo as canetas de insulina basal. A situação tem levado muitos pacientes a recorrerem à Justiça para garantir o acesso ao tratamento essencial.
A diabetes tipo 1 é uma doença crônica e autoimune que exige controle rigoroso por meio da insulina artificial, já que o corpo dos pacientes não produz o hormônio naturalmente. A continuidade do desabastecimento pode levar a complicações irreversíveis e até mesmo à morte, alertam especialistas e pacientes.
A crise evidencia a urgência de medidas eficazes por parte das autoridades competentes para garantir o direito à saúde e à vida dos diabéticos dependentes do SUS.