Envelhecimento Ativo: Número de Idosos Ingressantes na UFRN Cresce 944% em 20 Anos

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) registrou um aumento expressivo de 944% no número de ingressantes com mais de 60 anos em suas graduações nos últimos 20 anos. Em 2004, apenas nove idosos iniciaram seus estudos na instituição, enquanto em 2024 esse número saltou para 94, segundo dados da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).

O crescimento reflete uma tendência nacional impulsionada pelo envelhecimento populacional e pela busca de qualidade de vida na terceira idade. No Brasil, a população com 60 anos ou mais chegou a 32,1 milhões em 2022, representando 15,6% do total, conforme o último Censo. No Rio Grande do Norte, o índice de envelhecimento é o maior do Nordeste, com 53,05 idosos para cada 100 crianças de até 14 anos.

Além dos ingressantes, o número de estudantes que completaram 60 anos durante o curso também apresentou aumento significativo: de 37 em 2004 para 125 em 2024. Para Fabiano do Espírito Santo Gomes, procurador educacional institucional da UFRN, “com mais tempo livre e qualidade de vida, muitos idosos aproveitam para retomar projetos interrompidos, como a graduação”.

Entre os cursos mais procurados por essa faixa etária estão História e Filosofia, além de Ciências e Tecnologia (C&T), que atrai interessados pelas inovações tecnológicas. Esse perfil de estudante busca não apenas aprendizado acadêmico, mas também realização pessoal e socialização.

O aumento de idosos na educação superior também acompanha o crescimento da participação dessa faixa etária no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o Inep, o número de inscritos com mais de 60 anos passou de 9.950 em 2024 para 17.192 em 2025, um salto de 72,7% em apenas um ano.

Casos como o de Antonio Tavares, que se formou em Engenharia Elétrica aos 67 anos, exemplificam essa nova realidade. Hoje, aos 81 anos, ele relembra sua trajetória com entusiasmo: “Nunca faltei a uma aula. Quando a gente quer aprender, não tem tempo ruim”.

O fenômeno evidencia que aprender não tem idade e que a busca pelo conhecimento é uma ferramenta poderosa para envelhecer com propósito e vitalidade.