Em reunião virtual realizada nesta segunda-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os países integrantes do Brics são vítimas de práticas comerciais injustas e ilegais, além de sofrerem com o que chamou de “chantagem tarifária”. O encontro contou com a participação de líderes de nações como China, Rússia, África do Sul, Egito, Indonésia e Irã, entre outros.
De acordo com a transcrição divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula destacou que sanções secundárias impostas por outras potências têm limitado a liberdade dos países do bloco para fortalecer suas relações comerciais. “A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, afirmou o presidente brasileiro.
O Brics, que reúne economias emergentes, tem enfrentado desafios crescentes no cenário internacional, marcado por instabilidade e medidas protecionistas. Um exemplo recente foi a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, além de restrições comerciais enfrentadas pela Índia devido à sua relação com a Rússia. Embora não tenha mencionado diretamente os EUA no encontro, Lula criticou ações unilaterais que afetam a soberania e a cooperação entre os países do bloco.
Durante o discurso, Lula reforçou a importância do Brics como alternativa segura para mitigar os impactos do protecionismo global e defendeu uma reforma nos organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil, segundo ele, já iniciou negociações na OMC para tentar reverter as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Além das questões comerciais, o presidente brasileiro abordou temas geopolíticos sensíveis. Ele criticou a presença militar dos EUA no mar do Caribe, classificando-a como um fator de tensão na região. Também voltou a condenar as ações de Israel na Faixa de Gaza, chamando-as de genocídio, e defendeu uma solução realista para o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O Planalto informou que os líderes do Brics discutiram estratégias para enfrentar os riscos associados às medidas unilaterais e ampliar a solidariedade e o comércio entre os países do bloco. “Cabe ao Brics mostrar que a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”, concluiu Lula.
A reunião reforçou o papel do Brics como plataforma de diálogo e ação conjunta em um contexto global cada vez mais desafiador.