A Justiça do Trabalho determinou que os motoristas de ônibus de Natal mantenham, no mínimo, 70% da frota do transporte público em circulação durante a greve prevista para começar nesta quarta-feira (4).
A decisão, emitida pela desembargadora Isaura Maria Barbalho Simonetti, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), estabelece ainda que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sintro-RN) mantenha o funcionamento no horário regular e não impeça o acesso de funcionários não grevistas aos locais de trabalho.
A liminar foi concedida após pedido do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal (Seturn). Caso a decisão não seja cumprida, o Sintro poderá ser multado em R$ 25 mil por dia.
Greve dos motoristas
A paralisação, por tempo indeterminado, foi confirmada pela categoria após a última tentativa de negociação fracassar nesta terça-feira (3). A greve já havia sido aprovada desde 16 de maio, mas vinha sendo adiada por causa das rodadas de negociação conduzidas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no RN.
Os motoristas reivindicam um reajuste salarial total de 6,2%, além de aumentos no vale-alimentação e no plano de saúde. A proposta apoiada pela categoria inclui um reajuste salarial de 5,53% em maio e mais 0,67% em outubro, além de elevação do vale-alimentação para R$ 500 em maio e R$ 550 em dezembro de 2025.
Por outro lado, os empresários, representados pelo Seturn, propuseram reajustar os salários conforme a inflação projetada para 2025, com novo aumento em 2026. Também ofereceram aumento de 15,5% no plano de saúde e de 30% no vale-alimentação, embora este último parcelado em quatro vezes. As empresas também se comprometeram a cobrir os custos com a renovação da CNH dos motoristas.
Em nota, o coordenador jurídico do Seturn, Augusto Maranhão Valle, lamentou a deflagração da greve e destacou as dificuldades enfrentadas pelo setor. “O cenário é desafiador. O setor aguarda, com urgência, a definição sobre a fonte de custeio do transporte coletivo, enquanto o projeto de subsídio encontra-se travado na Câmara Municipal, a licitação do sistema está paralisada no TCE, e o serviço de mototáxi permanece sem regulamentação. Apesar desse contexto, o Seturn apresentou proposta com ganho real, em um esforço concreto para valorizar os profissionais”, afirmou Maranhão Valle.