Ministério da Cultura publica nota de repúdio ao tratamento dado a Milton Nascimento no Grammy 2025

Foto: reprodução/Augusto Nascimento

O Ministério da Cultura (MinC) emitiu, nesta terça-feira (4), uma nota oficial criticando a forma como o cantor Milton Nascimento foi tratado na cerimônia do Grammy 2025, realizada no último domingo (2), em Los Angeles, nos Estados Unidos. O artista brasileiro, de 82 anos, foi indicado ao prêmio de Melhor Álbum Vocal de Jazz, mas não teve direito a um assento nas mesas principais do evento, o que levou à sua ausência na premiação.

“A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira.”, diz o texto.

A ausência do cantor na cerimônia ganhou repercussão e a equipe do cantor esclareceu, em uma publicação nas redes sociais, que ele não foi impedido de entrar, mas que seu lugar designado seria na arquibancada, impossibilitando seu acesso devido à idade avançada e dificuldades de locomoção. 

“Um dia antes, quando observamos os convites, constatamos que a Academia havia destinado um lugar para Esperanza, artista com quem Milton divide o disco indicado, nas mesas, entre os artistas principais ali presentes, enquanto destinaram para a lenda brasileira um lugar na arquibancada, desconsiderando não só toda a sua trajetória e prestígio em todo o mundo, como a sua idade avançada e impossibilidade de subir ou descer escadas.”, diz a nota. 

A situação gerou indignação entre fãs e artistas, incluindo a cantora norte-americana Esperanza Spalding, que disputava o prêmio ao lado de Milton Nascimento pelo álbum Milton + Esperanza.

Em seu perfil no Instagram, Spalding publicou uma foto mostrando que levou para a cerimônia um cartaz com a foto do cantor, acompanhado da mensagem: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui!”. Na legenda, a artista expressou seu descontentamento. “Então, Milton não pôde se sentar nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso não me agradou”, escreveu a cantora.

“Estou brava porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para sentar entre os principais artistas, ou como quer que as mesas no andar principal sejam organizadas”, completou. 

Milton Nascimento, que se aposentou dos palcos em 2022, já havia declarado ao The New York Times que este pode ter sido seu último álbum. Sua ida a Los Angeles para acompanhar a premiação agora marca não apenas um capítulo em sua carreira, mas também um episódio de desvalorização de um dos grandes ícones da música mundial.

Confira a nota do MinC na íntegra

O Ministério da Cultura (MinC) manifesta repúdio ao tratamento dispensado ao cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, Milton Nascimento, na cerimônia do Grammy 2025. A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira.

Milton Nascimento, ícone da cultura nacional, coleciona prêmios e reconhecimentos que atravessam gerações e fronteiras. Sua obra influenciou artistas em todo o mundo, elevando a música brasileira a patamares de excelência.

Com sua voz única e composições memoráveis, Milton seguirá sendo celebrado por aqueles que compreendem e respeitam sua imensa contribuição à música.

 

Trajetória

Milton Nascimento é um dos maiores ícones da música brasileira, reconhecido mundialmente por sua voz singular e por suas composições marcantes. Nascido no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1942, foi criado em Três Pontas, Minas Gerais, onde desenvolveu sua paixão pela música. Ganhou notoriedade nacional em 1967, quando a canção Travessia, composta em parceria com Fernando Brant, conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção.

Ao longo de sua carreira, Milton lançou 34 álbuns e recebeu diversas premiações, incluindo cinco Grammys, consolidando-se como uma referência na MPB. Sua obra transita por diferentes estilos e gerações, sendo interpretada por grandes nomes da música brasileira e internacional, como Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mercedes Sosa, Pat Metheny e Duran Duran.

O MinC reitera a afirmação feita, em nota, pela equipe desse artística que tanto contribui para a nossa cultura. “O Brasil é gigante, tal qual é Milton Nascimento”.

Categoria

Cultura, Artes, História e Esportes