Comércio do Rio Grande do Norte deixa de faturar até R$ 3,2 bilhões em 2024 devido às apostas online, aponta estudo

 

O Rio Grande do Norte sofreu uma perda significativa em seu setor de varejo em 2024 devido ao crescimento das apostas online. Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as perdas no setor de varejo potiguar podem chegar a até R$ 3,2 bilhões, considerando o cenário mais pessimista de impacto das apostas.

Sem o impacto das apostas online, o comércio varejista do estado poderia ter registrado um crescimento de até 15% em 2024.

No estudo, foram simulados dois cenários para projetar o impacto das bets online, como são conhecidas, no comércio varejista. No cenário mais conservador, a CNC estimou que as apostas teriam gerado uma perda de R$ 301 milhões no varejo do Rio Grande do Norte. Já no cenário mais pessimista, com a maior projeção de perda, o valor poderia alcançar até R$ 3,2 bilhões. Esse valor representa uma parcela considerável da economia local e reflete o fenômeno das bets que afeta toda a economia brasileira.

No panorama nacional, o estudo revelou que as apostas esportivas e os cassinos online causaram uma perda de até R$ 103 bilhões para o comércio varejista do Brasil. As perdas variaram de R$ 24 bilhões no cenário mais conservador a R$ 240 bilhões dependendo da simulação.

 

Impactos econômicos e sociais

O estudo também evidenciou o impacto das apostas no comportamento das famílias, especialmente as de baixa renda, que são mais vulneráveis ao endividamento. Entre novembro de 2023 e novembro de 2024, o percentual de famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos com contas em atraso subiu de 26% para 29%, enquanto famílias com maior renda apresentaram uma redução na inadimplência.

De acordo com o economista-chefe da CNC Felipe Tavares, o cálculo do impacto financeiro foi realizado a partir de um modelo matemático e estatístico. “Analisamos variáveis como renda das famílias, crédito e crescimento econômico para determinar o potencial do varejo. Em seguida, comparamos esses dados com os números reais e identificamos um desvio, o que nos levou a concluir que o setor foi impactado pelas apostas online”, explica.

O levantamento também utilizou informações do Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de instituições financeiras para estabelecer os extremos do cenário econômico.

Diante dos resultados, a CNC defende a utilização de parte dos recursos arrecadados com impostos das apostas para financiar programas sociais e campanhas de conscientização, ajudando a proteger a população de impactos negativos. “A regulamentação deve ser robusta para evitar que o dinheiro das apostas online continue drenando o poder de compra das famílias brasileiras”, concluiu Tavares.