Ontem (9) um grupo de homens encapuzados invadiu e rendeu funcionários da emissora TC, em Guayaquil, no Equador, ao vivo. Na transmissão, é possível ver armas e explosivos com o bando e ouvir o que parecem ser tiros ao fundo. Enquanto isso, pessoas gritam para que a polícia não apareça no local e não intervenha.
Uma hora depois, a polícia equatoriana publicou em seu perfil oficial nas redes sociais imagens que mostram os invasores rendidos, deitados no chão de bruços e com as mãos atadas. De acordo com detalhes da Revista Vistazo, 13 pessoas foram detidas. Com elas, foram encontradas armas de fogo, munições e explosivos.
Antes, o órgão havia postado vídeos em que atiradores de elite se posicionam no que aparenta ser uma via elevada nas proximidades da sede da rede e pessoas em trajes civis deixam o prédio.
A ação ocorre em meio à irrupção de uma nova crise de violência no país. Só na madrugada da terça (9), quatro policiais foram sequestrados e carros-bomba e explosivos foram detonados em várias cidades do país. Os atos, sem vítimas, mas aparentemente coordenados, foram descritos pela imprensa local como uma “noite de terror”.
Em resposta, o recém-empossado presidente Daniel Noboa decretou estado de exceção na segunda-feira (8). A medida, válida por 60 dias, inclui um toque de recolher de seis horas, de 23h às 5h.
Um dos funcionários que estava no local durante o ataque enviou a um repórter da agência de notícias AFP uma mensagem em que dizia: “Entraram aqui para nos matar”. A ameaça ao vivo durou cerca de 30 minutos, até que ocorreu a entrada das forças de segurança no local.
Alguns dos presentes, que ligavam incessantemente para os números de emergência da polícia, relataram que havia ao menos dez homens encapuzados na gravação do telejornal El Noticiero.
Segundo o presidente Noboa, eleito com um discurso punitivista que envolveria a criação de um “navio-presídio”, declarar o estado de emergência permite que as Forças Armadas intervenham no sistema prisional. “Não negociaremos com terroristas nem descansaremos enquanto não devolvermos a paz aos equatorianos”, afirmou.
A ordem é citada em uma mensagem que um dos policiais sequestrados teria sido forçado a ler ao ser sequestrado em um vídeo divulgado nas redes sociais —sua autenticidade não pôde ser verificada de maneira independente.
“O senhor declarou guerra e vai ter guerra”, afirma o agente, sentado no chão ao lado de dois colegas. “O senhor declarou estado de emergência; nós declaramos que a polícia, os civis e os militares são espólios de guerra. Qualquer pessoa encontrada nas ruas depois das 23h será executada.”