PRESIDENTE DA ABL AFIRMA QUE NÃO É O MOMENTO PARA A LINGUAGEM NEUTRA NO PORTUGUÊS

O uso da linguagem neutra tem sido um tópico de debate e discussão em todo o mundo. No Brasil, essa discussão ganhou destaque recentemente, com a proposta de incluir expressões como “todes” no léxico oficial da língua portuguesa. No entanto, o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Merval Pereira, argumenta que este não é o momento adequado para fazer essa mudança.

Merval Pereira expressou sua opinião durante uma reunião pública realizada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 3 de outubro, onde o tema da linguagem neutra foi amplamente debatido. Ele destacou que a ABL está abordando essa questão com prudência e cautela.

Uma das principais preocupações levantadas por Pereira é que a linguagem neutra ainda é um fenômeno incipiente e de nicho. Ele argumenta que, antes de fazer alterações na língua portuguesa, é necessário um debate mais amplo e profundo sobre o assunto. Além disso, ele enfatizou que essa mudança teria implicações complexas, uma vez que afetaria a estrutura do português brasileiro, um idioma já rico e complexo.

Pereira também se pronunciou sobre o uso da linguagem neutra em documentos oficiais, ressaltando que tais textos devem seguir as normas oficiais vigentes. Ele deixou claro que, caso haja adoção da linguagem neutra, esses documentos não estarão em conformidade com o padrão da língua culta.

Em relação ao uso da linguagem neutra na sala de aula, Merval Pereira argumentou que os professores não devem impor essa forma de comunicação aos alunos, uma vez que a maioria deles pode não estar familiarizada com esse conceito. Ele acredita que a decisão de adotar ou não a linguagem neutra nas escolas deve ser tomada pelo Ministério da Educação.

A posição do presidente da ABL reflete uma visão cautelosa e conservadora em relação à introdução da linguagem neutra no português brasileiro. Embora o debate sobre essa questão continue, Merval Pereira enfatiza que, neste momento, não é o momento adequado para fazer mudanças significativas na língua, mas sim para continuar o diálogo e a reflexão sobre o assunto.