Foto: Michael Borges.
Representantes do setor turístico e comercial do Rio Grande do Norte defendem que haja um debate turístico acerca da “lagoa” que surgiu numa obra de esgotamento em Parnamirim, conhecida popularmente como Lagoa Azul, com potencial de geração de emprego e renda para a cidade parnamirinense e para o Estado. Nesta quarta-feira (08), a Prefeitura de Parnamirim fará uma coletiva de imprensa às 9h para falar sobre encaminhamentos e desdobramentos acerca da Lagoa. Na semana passada, o prefeito, Rosano Taveira (Republicanos) disse que quer colocar o trecho no “currículo turístico” da cidade.
Na avaliação do coordenador da Câmara de Turismo da Federação de Comércio, Serviços e Bens do RN (Fecomercio-RN), George Costa, o espaço poderia se tornar um Parque, mas é preciso que haja um planejamento estratégico e turístico para utilização do local. “Eu acho que é uma oportunidade por ser um fenômeno raro com a água e a forma que ela se apresenta. Tudo que é fora do comum é uma oportunidade turística. Se tiver um trabalho de investimento ao redor dela, pode sim se tornar um balneário com acesso. Precisa-se óbvio ter cuidados ambientais e de acesso para que não se degrade”, aponta. “Defendo que Idema e Caern procurem um outro ambiente, discutam com a sociedade, do que simplesmente dar continuidade à obra depois desse fato ter acontecido”, acrescenta.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares do RN (SHRBS-RN), Habib Chalita, também pensa que é uma “oportunidade de atrativo para o RN”, mas que é preciso passar por avaliações e padronizações. Ele aponta que o debate precisa ser feito entre todos os órgãos e setores envolvidos.
“Isso não é só favorável apenas para o polo Parnamirim, mas precisa-se passar pelos órgãos de fiscalização para que seja padronizada uma visitação, que possa ter acessos aos turistas e à população e que isso seja tratado como um atrativo turístico com toda padronizagem. Temos os parrachos de Pirangi e o Cajueiro: turistas e população têm acesso. Existem dois exemplos que podem ser explorados”, cita. “Que haja um controle para que não traga malefícios para o município, e sim uma receita para gerar empregos e impostos”, cita Habib.
Mesmo pensamento tem o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis do RN (Abih-RN), Abdon Gosson. Segundo ele, “tudo que venha a ser um atrativo turístico no nosso destino é de extrema importância. Então já que surgiu esse Lago e se a Prefeitura se propõe a transformá-lo numa atração turística, podem surgir bares, pousadas, e outras coisas na região. Que a iniciativa principal seja a nível da Prefeitura e dê condições e infraestrutura para que a coisa possa acontecer. Sempre é válido, turismo gera emprego e traz dinheiro para a economia todos os dias”.
Custos
Nesta terça-feira (07), a TRIBUNA DO NORTE publicou a manchete “Caern e Idema defendem manter esgotamento na Lagoa Azul”. As entidades apontam a necessidade de sanear a cidade alinhada com impactos financeiros e ambientais como fatores que pesam para a Caern orientar pela continuidade da obra, segundo informou o diretor-presidente do órgão Roberto Linhares.
“Aquela obra tem um custo de R$ 196 milhões. São R$ 120 milhões do Orçamento Geral da União, que não reajusta se atrasar, R$ 55 milhões do Fundo de Garantia que o Município paga num financiamento, que também não reajusta nada se atrasar e R$ 21 milhões da Caern. Ou seja, se atrasa um mês essa obra dá algo em torno de R$ 2 milhões de reajuste adicional. Seis meses daria R$ 12 milhões, por exemplo”, disse. O Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte também tem o mesmo pensamento.
Ele acrescenta que caso a obra seja realocada e postergada por mais seis meses, o reajuste seria de até R$ 26 milhões. “Se não continuar a obra e tiver que levar a Estação para outro local, vai ter que instalar as redes, que são quilômetros de rede, nesse novo local. Teria um custo, por baixo, de R$ 20 milhões a R$ 26 milhões. Se tiver que mudar para outro local, muda projeto, adequação de licença”, afirma Roberto Linhares.
O coordenador da Câmara de Turismo da Federação de Comércio, Serviços e Bens do RN (Fecomercio-RN), George Costa, discorda desse pensamento.
“Eu acho que eles como bons burocratas acham mais fácil não verem o novo, não perceberem que ali pode ser uma oportunidade de geração de negócios. Obviamente que estudos precisam ser feitos, mas tenho certeza que uma lagoa de captação de esgotamento pode ser feita em qualquer outro lugar que não aquele que apareceu, por acaso, como uma possibilidade de produto turístico. Para eles é mais comum, mais simples, manter o plano, mesmo que o acaso tenha feito aquilo mudar de patamar”, aponta.
A reportagem da TN procurou a secretária estadual de Turismo, Aninha Costa, que repercutiu o assunto: “Por se tratar de um espaço ainda sem infraestrutura turística, a secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte declara que o assunto já está sendo discutido do ponto de vista técnico e ambiental. Em momento oportuno, será avaliado o potencial turístico da localidade em questão”.
Lago vira atração turística e até música
Desde que surgiu em Parnamirim, o “Lago Azul” virou uma verdadeira atração para curiosos, moradores e populares de todas as idades que visitam o espaço, localizado na Rua João Paulo II, bairro Nova Esperança, nas proximidades do Centro de Treinamento do América Futebol Clube. Além disso, já circula nas redes sociais uma música referente à Lagoa Azul.
A Lagoa surgiu no final de janeiro durante escavações de uma obra referente a Estação Elevatória de Esgotos (EEE) por parte da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) e logo despertou atenção e curiosidade. Rapidamente vários curiosos pularam na água para tomar banho, o que representava um risco à saúde por não se saber a origem e qualidade da água.
Na semana passada, a Caern informou que a água é de boa qualidade e sem qualquer traço de contaminação. A conclusão foi de um estudo feito no Laboratório Central da Caern, que apontou que a qualidade da água é semelhante à água proveniente dos poços tubulares localizados naquela área, responsáveis por parte do abastecimento da população da cidade.
O afloramento foi a uma profundidade de dez metros, decorrente do manancial de um aquífero suspenso no local. A cor azul, do local que ficou popularmente conhecido como “buraco azul”, é um fenômeno físico conhecido, sendo apenas o reflexo da luz branca do sol, já a água é transparente. A profundidade e a cor clara do fundo da lagoa também favorecem o aspecto azulado da água. O isolamento foi reforçado. A ideia é evitar que pessoas invadam o local. “O pessoal não respeita a sinalização e quer pular na água e ainda desrespeita quem está trabalhando”, disseram trabalhadores da obra.
Por Tribuna do Norte.