Projeto de atletismo “Saltando para vencer”

O sonho teve início nos anos 90, quando Edilson ainda era estudante e viajou para Currais Novos para assistir a uma competição escolar entre as cidades da região. “Eu me apaixonei pelo atletismo, ali tive a ideia de ser treinador e pensei que quando voltasse para a minha cidade colocaria a ideia em prática. E assim fiz, tivemos os primeiros passos sempre com crianças de escolas públicas”, relembra o professor.

Por falta de apoio, o projeto foi suspenso em 1998 e só retornou em 2007. “Esta volta veio com mais entusiasmo, mesmo sendo um trabalho voluntário, em que não temos nenhum tipo de apoio financeiro, trabalhamos com muita garra e amor. Aos poucos fomos conseguindo alguns materiais de treinamento, ainda longe de ser o ideal, mas enfrentamos as dificuldades sempre de cabeça erguida”, enfatiza.

Mesmo com todas as dificuldades e falta de apoio, cerca de mil crianças já foram treinadas por Edilson nesses 20 anos do “Saltando para vencer”. Talentos foram revelados, como o Pedro Hyaggo, de 16 anos, campeão mundial em 2015 na prova dos 110 metros com barreira. O professor conta que o atleta nunca havia treinado numa barreira oficial, praticava em barreiras improvisadas com cano de PVC. Pedro venceu uma seletiva nacional realizada em Recife (PE) e disputou o mundial escolar na China, trazendo a medalha de ouro para o Brasil.

O grupo participou este ano do Troféu Norte Nordeste sub-16, realizado em Fortaleza (CE), e trouxe 10 medalhas das 14 conquistadas pela delegação do RN. O atleta Robson Jean, de 13 anos, que além de ganhar a prova do salto com vara ainda quebrou recordes, sendo o grande destaque da competição.

“Mesmo com tantos resultados expressivos, ainda não temos apoio por parte do poder público, apenas o transporte para conduzirmos nossos atletas para as competições. Alguns amigos comerciantes de Cerro Corá nos ajudam fazendo vaquinhas para participarmos de eventos nacionais, principalmente para a compra de passagens aéreas”, afirma Edilson.

Sempre com um olhar de esperança, o professor declara: “o que mais nos encoraja é saber que estamos dando oportunidade a muitas crianças carentes que podiam estar no mundo das drogas, e o esporte, através do atletismo, as faz sonhar com dias melhores”.

Tribuna do Norte