Para IBGE, serviços tiveram inflação por maior demanda

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 0,40% em setembro para uma alta de 0,67% em outubro. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de um recuo de 1,21% em setembro para uma elevação de 0,18% em outubro.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 8,50% em setembro para 8,10% em outubro. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de -1,65% em setembro para -2,78% em outubro.

Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, a satisfação de uma demanda reprimida por serviços, em função do período de isolamento social na pandemia, tem contribuído para os aumentos de preços dos serviços nos últimos meses, embora haja contribuição também da alta de custos.

“Tem fator custo, claro. Mas na parte de serviços, a gente pode ver que tem demanda também. A parte de passagens aéreas, outros serviços relacionados ao turismo, a parte de cabeleireiro, manicure”, enumerou Pedro Kislanov. “Passagem aérea tem retomada da demanda nesse cenário de melhora da pandemia e também a questão de custos do setor, especialmente combustível aéreo”, acrescentou.

Assim como os serviços, o aumento de custos e de demanda explica também a elevação de preços de itens de vestuário. O grupo tem uma alta acumulada de 18,48% em 12 meses, a maior entre os que integram o IPCA.

“Vestuário, assim como a parte de serviços, também está relacionado à demanda, melhora da pandemia. O Vestuário foi afetado também por questão de custo. Os preços de combustíveis, preço da energia elétrica. Isso afetou vários setores, mas também o setor de vestuário em particular”, disse Kislanov.

Outro aumento expressivo nos 12 meses encerrados em outubro foi o do grupo Alimentação e bebidas, que acumulam alta de 11,21%. O grupo tem variação de dois dígitos desde março deste ano, alcançando 14,72% em julho. Nos meses seguintes, houve ligeira melhora: 13,43% nos 12 meses até agosto; 11,71% em setembro; e 11,21% em outubro.

“O único mês que a gente teve queda (no preço de alimentos) foi em setembro. Os preços subiram nesse período todo”, lembrou Kislanov.

Ele frisa que houve alta forte no custo da alimentação no início do ano, por questões climáticas no Brasil e por reflexos da guerra na Ucrânia.

“Essa percepção (de alimentos mais caros) está relacionada à alta forte que a gente teve no início do ano. A queda que a gente teve no último mês (setembro) não foi suficiente para anular. Ainda está em patamar alto”, contou Kislanov.

No mês de outubro, o pesquisador do IBGE ressalta que os alimentos com maior impacto sobre a inflação tiveram problemas de oferta por conta de questões na colheita no campo, como a batata-inglesa e o tomate.

Em outubro, os itens de maior pressão no IPCA foram passagem aérea (0,16 p.p.), higiene pessoal (0,09 p.p.), plano de saúde (0,05 p.p.), batata-inglesa (0,04 p.p.) e emplacamento (0,04 p.p.).

Na direção oposta, os itens que mais ajudaram a frear a inflação foram gasolina (-0,07 p.p.), leite longa vida (-0,06 p.p.), plano de telefonia móvel (-0,03 p.p.), TV, som e informática (-0 01 p.p.) e gás de botijão (-0,01 p.p.).

Kislanov lembrou ainda que a coleta do IPCA de outubro se estendeu até o dia 27 do mês, antes, porém, dos bloqueios em estradas conduzidos por manifestantes em atos antidemocráticos após o segundo turno das eleições.

 

Tribuna do Norte