Diferença da votação entre Nordeste e outras regiões volta a cair após recorde em 2018

Foto: Leo Martins

A diferença no resultado do segundo turno das eleições presidenciais na região Nordeste em relação ao restante do país voltou a cair após ter batido recorde em 2018.

Naquele ano, os nordestinos deram a Fernando Haddad (PT), segundo colocado no pleito, 69,7% dos votos. A votação foi 34,4 pontos percentuais maior que o percentual obtido pelo petista nas demais regiões (35,3%).

A eleição terminou com a vitória de Jair Bolsonaro, então no PSL, que teve 64,7% dos votos nas demais regiões e apenas 30,3% nos estados nordestinos.

Neste ano, contudo, Bolsonaro (hoje no PL) não só teve desempenho levemente melhor no Nordeste como o PT, agora com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alcançou votação superior nas demais regiões.

O atual presidente teve a preferência de 30,7% dos nordestinos, ante 56,1% nos demais estados. Já Lula, eleito para o seu terceiro mandato, teve 69,3% dos votos no Nordeste e 43,9% no conjunto das outras regiões.

A diferença nas votações foi de 25,4 pontos percentuais, ou 9 pontos a menos que na última eleição.

Ainda assim, o Nordeste foi o grande fiador da vitória lulista. Vieram da região 37,3% dos votos do petista, maior percentual em um pleito que elegeu um candidato do PT, embora tenha 27% dos eleitores do país.

No resultado geral do país, Lula venceu a eleição em 13 dos 27 estados, dos quais só quatro estão fora do Nordeste: Minas Gerais, Tocantins, Amazonas e Pará.

Já Bolsonaro ficou na frente em 14, contando o Distrito Federal. O presidente eleito teve 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% do adversário.

Grande parte da melhora de Lula nas demais regiões é explicada pelo seu desempenho no Sudeste. Apesar de só ter tido maioria em Minas Gerais, e ainda assim com votação apertada (50,2%), o petista teve na região 7,8 milhões de votos a mais que Haddad.

Vieram do Sudeste 37,8% dos votos que o ex-presidente teve neste segundo turno —quase o mesmo valor que o Nordeste, embora tenha quase o dobro do eleitorado.

Boa parte desse avanço se deu em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. No estado, Lula obteve 4,3 milhões de votos a mais que Haddad em 2018. Já Bolsonaro perdeu 1,1 milhão de votos.

O petista contou com o palanque de Haddad, que tentava o governo estadual paulista. Ele perdeu para o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura do atual governo.

Apesar do aumento da votação do PT, o Sudeste teve a maior fatia da votação de Bolsonaro, respondendo por quase a metade (46%) dos 58,2 milhões de votos que recebeu. Do Sul vieram outros 19%.

Já o Nordeste deu a Bolsonaro 17% dos seus votos. Embora tenha conseguido 1,1 milhão de votos a mais que em 2018, o presidente teve dificuldade em obter palanques na região em razão da relutância de candidatos aos governos estaduais em declarar apoio e se desgastarem com o eleitorado petista de seus estados.

A disparidade entre as regiões neste ano também é menor que em 2010, quando Dilma Rousseff (PT) foi eleita para o segundo mandato. Sua votação no Nordeste foi 27,3 pontos percentuais maior que o resultado nas demais regiões.

A menor diferença, por sua vez, foi em 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez. O petista teve 61,5% das preferências entre nordestinos e 61,2% no restante do país (distância de apenas 0,3 ponto percentual).

FolhaPress