Próximo presidente terá que dar atenção a obras estruturantes no RN

O próximo presidente do Brasil, a ser definido neste domingo (30), terá de dar atenção a uma série de obras estruturantes no Estado que há anos são demandas dos setores produtivos do Rio Grande do Norte. Os eleitores vão às urnas para escolher entre a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) ou eleger Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A TRIBUNA DO NORTE conversou com várias entidades de diferentes setores produtivos do Estado para entender quais seriam as principais necessidades do Rio Grande do Norte. Todos elencaram como prioridades a relicitação do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves; a conclusão da Reta Tabajara e o projeto de duplicação da BR-304 e expansões portuárias.
“Temos que pensar além da Reta Tabajara, que liga Natal ao início da bifurcação do Seridó e Mossoró. Temos que pensar nos próximos quatro anos a reestruturação da BR-304. Precisamos de um plano de licitar o projeto, começar a obra, porque nossa fruticultura passa por ali, a interligação com o Ceará e portos passam por ali. É fundamental que se debruce sobre essa BR”,  avalia a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RN (Crea-RN), Ana Adalgisa Dias.
O presidente Associação Brasileira da Indústria de Hoteis no Rio Grande do Norte, (Abih-RN), Abdon Gosson, compactua com esse pensamento e aponta que a interiorização do turismo depende da conclusão da duplicação da Reta e das melhorias na BR-304.
“Fala-se muito em interiorização do turismo. Como vamos fazer isso? Turismo religioso: Santa Cruz, por exemplo, com bondinho, a santa. Não vou levar um turista de Natal para lá para passar duas horas para ir e se voltar 17h, no horário de pico, ninguém sabe a hora que vai chegar. Se virar um caminhão, ninguém sabe. É um desrespeito a nós cidadãos e a imoralidade do turista que vem aqui com seu dinheiro gastar aqui conosco. E aquilo ali faz parte da intensificação do turismo religioso e interiorano”, acrescenta Gosson.
Segundo informações do Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), a duplicação da Reta Tabajara será concluída em 2023. O Departamento afirmou que os recursos necessários para a conclusão das obras serão incluídos na Lei Orçamentária Anual de 2023. São necessários R$ 50 milhões para a conclusão dos 16,6 quilômetros da via pública. Sobre a duplicação da BR-304, o projeto ainda está em fase de estudos junto ao Dnit.
Aeroporto
 
Outro ponto bastante questionado pelo setor produtivo do Rio Grande do Norte é com relação ao Aeroporto Aluízio Alves. Devolvido pela concessionária Inframerica em março de 2020, o terminal vive a expectativa de uma relicitação para que um novo operador assuma a concessão e aplique investimentos.
O processo passa por avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) e segue sem prazos para ocorrer. Em setembro deste ano, a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) definiu uma indenização de R$ 549 milhões para a Inframerica pelos investimentos realizados no terminal e ainda não amortizados.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis no Rio Grande do Norte, (Abih-RN), Abdon Gosson, a relicitação do aeroporto precisa ser tratada como algo prioritário para que o Estado possa catalizar investimentos na área do turismo.
“Estamos com um terminal literalmente abandonado, porque os atuais administradores não querem gerir o aeroporto, que está se deteriorando, e é o portão de entrada de qualquer destino turístico. Precisamos relicitar esse aeroporto “para ontem” para uma outra empresa que tenha interesse e transforme esse equipamento em algo bom, viável e como ele é privado, as proprietárias vão atrás de trazer voos também. Não é só a Setur, os empresários, que o aeroporto também ajude”, explica Gosson.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN, Sílvio Bezerra, outra questão que também merece atenção é o Porto Indústria-Off Shore, para exportação de hidrogênio verde e exploração de energia eólica em alto mar.
“O aeroporto é fundamental para o turismo, que é nossa principal indústria. Mas também considero que a expansão do Porto Indústria é o que vai fazer com que possamos exportar hidrogênio verde, que será fabricado com a tecnologia desenvolvida. Do ponto de vista de atração de indústrias, essas duas questões são fundamentais”, comenta Sílvio Bezerra.
Outra obra importante que precisa ter continuidade para o turismo do Estado é Ponta Negra, com o projeto do enrocamento e da engorda da praia, recursos assegurados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).  O projeto aguarda emissão de licença de canteiro de obras para o enrocamento. Posterior a isso, será feito a ampliação da faixa de areia de Ponta Negra.
Segurança hídrica ficará para 2023
Obras importantes referentes a segurança hídrica dos potiguares deverão ter continuidade e perspectiva de conclusão a partir da gestão do próximo presidente eleito. No Rio Grande do Norte, o Projeto Seridó, a conclusão da Barragem de Oiticica e o andamento das obras do Ramal do Apodi, segunda porta de entrada das águas do Rio São Francisco, são alguns dos projetos que deverão ser priorizados.
Para o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), Luiz Cláudio Souza, essas obras terão importância significativa na melhoria de segurança hídrica e para o desenvolvimento pecuário do Estado.
“Nós tivemos o início dessas obras no Seridó, que é um projeto importante para garantir segurança hídrica para as famílias daquela região e também a conclusão da obra da interligação do Rio São Francisco, o Ramal do Apodi, na região de Major Sales e Luís Gomes. Foi uma obra que só saiu pela presença e iniciativa do ministro Rogério Marinho a frente do MDR. Na área de segurança hídrica temos a possibilidade de transpor as águas do Piranhas para o Mato Grande, com área de terras férteis e planas que podem ser um eixo de desenvolvimento do Estado”, explica.
Nesta semana, o Governo do Estado anunciou que as obras na Barragem de Oiticica serão entregues apenas em 2023, restando ainda obras complementares de estradas e duas agrovilas para abrigar moradores que serão afetados com as águas da barragem.