O Outubro Rosa é uma iniciativa que anualmente alerta as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce na prevenção do câncer de mama. A mobilização em torno da campanha gera uma corrente de ações que espalham conhecimento, solidariedade, conscientização, e proporcionam ajuda prática para quem precisa. A mamografia, aliada ao autocuidado e ao conhecimento do próprio corpo, são caminhos fundamentais contra uma doença que, se diagnosticada e tratada na fase inicial, tem 95% de chances de cura.
Há dez anos Jandira Oliveira atua no Grupo Reviver, a instituição sem fins lucrativos que presta serviços de saúde pública para prevenção contra câncer de mama. Ela é supervisora de atendimento na unidade móvel que oferece mamografias gratuitas para mulheres de 40 a 75 anos em várias partes de Natal e do interior. Jandira atesta que o fluxo de procura aumentou bastante nos últimos anos desde que os atendimentos começaram. Sinal de que as mulheres (e a sociedade em geral) estão mais conscientes da doença.
“O Outubro Rosa foi fundamental no aumento da procura. A informação passou a chegar para todas”, afirma a supervisora, ressaltando que há agora uma nova barreira: as mulheres que relutam em fazer o exame por medo do diagnóstico. Novamente, entra a necessidade de reforçar a conscientização. “A gente ressalta que quanto mais cedo o diagnóstico, menos agressivo será o tratamento, e não vai precisar retirar a mama”, diz. As mulheres com menos de 40 anos que sentirem algo no corpo, precisarão passar antes por um ultrassom e requisição médica para agendar a mamografia.
Na fila de espera para o exame da Reviver, a reportagem encontrou mulheres das mais variadas idades e perfis. Maria Lindalva, 72 anos, conta que não há sinal da doença no corpo, mas se sentiu na obrigação de fazer o exame. “Eu quis ir. Além do mais é de graça, né, isso não deixa de ser incentivo importante para quem quer fazer a mamografia”, ressaltou.
Regina da Silva Rodrigues tinha 45 anos quando fez o exame pela primeira vez. Hoje tem 58, e o sentimento de prevenção permanece forte. “Eu fui estimulada por parentes meus que já tinham o hábito de fazer, e desde então venho todo ano. É muito bom confirmar que estou saudável”, diz. Andrea Carla, 44 anos, fez a primeira assim que completou 41. “Eu já tinha o hábito de fazer exames de rotina, então incluí a mamografia na rota. Na minha família não tem histórico de câncer, mas mesmo assim sempre fiz questão de me prevenir”, diz.
Diferente da maioria, Livânia Soares fez a primeira mamografia há sete anos, levada por um susto: em um ultrassom, ela descobriu dois nódulos e dois cistos no seio. Felizmente, não eram malignos, mas deu o pontapé para que ela passasse a prestar mais atenção no assunto. Também havia antecedentes: sua tia já havia retirado uma mama. Após o susto, ela nunca mais parou de fazer os exames – que sempre deram negativos. “A prevenção é muito importante, e quando a gente dorme tranquila após o exame, é melhor ainda”, afirma.
Encontro
Para fomentar a prevenção no embalo do Outubro Rosa, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) está promovendo encontros para discutir a importância da prevenção entre mulheres. O primeiro foi realizado no dia 14, e o próximo será no 17 (segunda-feira), às 9h, no auditório da Coordenadoria de Regulação e Avaliação em Saúde – CORSA, seguida de um café compartilhado e um momento da beleza.
Além de incentivar a busca de exames preventivos, o encontro também objetiva trocar conhecimentos e compartilhar informações sobre o tema. O debate dos encontros será conduzido pela ginecologista e obstetra Iaponira da Silva Figueiredo Vidal, especialista em ginecologia endócrina e climatério. Como forma de reforçar o incentivo à prevenção, as servidoras da Sesap estão sendo convidadas a assinar um certificado, assumindo o compromisso de fazer seus exames preventivos ao câncer de mama.
Tatuagem
Mulheres que passaram por mastectomia (retirada do seio em função de câncer) podem fazer gratuitamente a reconstrução da aréola, ou mamilo, com tatuagem, dentro do projeto do tatuador especialista em tatuagens realistas, Ruy Pinheiro. Há quatro anos o profissional faz essa ação, que começou através da indicação de uma cliente sua, cuja mãe teve o seio mutilado pela cirurgia. “Fui indicado pelo estilo realista da minha tatuagem. Era algo inédito pra mim, mas topei fazer. O resultado foi tão bom, que transformei isso num projeto social”, conta.
Hoje, Ruy atende de uma a duas mulheres nessa situação por semana, previamente agendadas. O perfil varia em média de 40 a 60 anos. Ele conta que muitas vezes atende mulheres que têm condições de pagar, mas que o preferem pelo resultado realista de seu trabalho. “Gostaria de chegar mais perto daquelas mulheres que não podem pagar por uma tatuagem dessa. Ir além da divulgação em minhas redes sociais”, afirma.
Ruy afirma que a tatuagem de aréola além de ser uma retomada da autoestima para as mulheres, também mudou a sua vida. “Essa ação me deu uma revigorada incrível como tatuador, porque me deu uma motivação a mais do que o negócio em volta do estúdio e do dinheiro”, diz. O pagamento se dá em empatia. Segundo o tatuador, a reação das mulheres é a melhor parte. “Todas que já tatuei vão às lágrimas quando vêem o resultado. Elas se sentem como se tivesse retomado uma parte perdida do corpo, e isso é muito emocionante”.
As inscrições podem ser feitas no Instagram (@realstudiotattoo) ou whats app (84 99120-4020) do Real Studio Tattoo, o estúdio de tatuagem em que Ruy trabalha, localizado no Praia Shopping, em Ponta Negra.
As bonitas
O Grupo Bonitas, composto por mulheres que já tiveram experiência com o câncer de mama, nasceu da necessidade de mostrar que a autoestima é algo que nenhuma doença deve abalar. Desde o dia 1º de outubro elas abriram a 5ª edição da exposição “Mulheres e suas histórias de superação”, que seguirá até o dia 20 do mês no Natal Shopping. A mostra é composta por 14 imagens fotografadas por Ana Galvão, retratando mulheres que sobreviveram ao câncer, relatando suas respectivas experiências.
Ao mostrar essas mulheres em fotos bonitas, alegres e glamurosas, a exposição objetiva ressaltar em imagens que o diagnóstico precoce do câncer de mama salva vidas. Além da exposição, o Grupo Bonitas também tem uma linha própria de camisetas, ecobags e bonés com sua marca. Os produtos estão à venda na loja Soff Perfumes, no Midway Mall, e na Mais Cores, no Nordestão da Salgado Filho. O grupo também abraça a campanha “Lenço Solidário”, sobre doações de lenço para pacientes oncológicas que estão em tratamento. Mais informações no @grupobonitas.