PL e PT lideram em deputados estaduais eleitos no Brasil

Um levantamento feito pela CNN Brasil com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, assim como na Câmara dos Deputados, o Partido Liberal (PL) e o Partido dos Trabalhadores (PT) lideram o número de parlamentares eleitos para as Assembleias Legislativas dos 26 estados e para a Câmara Legislativa do Distrito Federal.

O PL, legenda do presidente Jair Bolsonaro, fez 129 deputados estaduais/distritais, seguido pelo PT, do ex-presidente Lula, com 118. Em seguida vêm o União Brasil, com 100, Progressistas (87), Republicanos (76), PSD (78), Republicanos (76), PSDB (54), PSB (54) e PDT (43).

A cientista política Carolina Almeida de Paula, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), aponta que as Assembleias Legislativas trazem uma ligação muito forte com o que acontece na Câmara dos Deputados, em Brasília.

“Elas acabam antecipando um cenário futuro, o que deve acontecer nas próximas eleições legislativas, porque são pessoas que devem se candidatar a deputado federal adiante. E vemos muitas dobradinhas, é uma forma de otimizar recursos de campanha”, aponta.

No Rio de Janeiro, por exemplo, apadrinhados pelo presidente do União Brasil no estado, o prefeito de Belford Roxo Waguinho, a esposa dele, Daniela do Waguinho, e seu ex-vice Márcio Canella se tornaram os mais votados para a Câmara e Alerj, respectivamente.

Carolina Almeida de Paula também destaca que as bancadas nos estados trazem reflexos da disputa presidencial, mostrando a força dos candidatos de Bolsonaro e Lula, e também dos grandes nomes locais.

No Paraná, por exemplo, onde Ratinho Junior se reelegeu governador no primeiro turno, o PSD, sua legenda, fez 15 deputados estaduais e se consolidou como a maior bancada. Já no Ceará, onde Ciro Gomes e família são destaque, o PDT lidera com 13 parlamentares. Em Pernambuco, o PSB, devido à história da família Arraes, mostrou sua força com 14 eleitos.

O cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco, analisa que a divisão vista na eleição presidencial mostrou seus reflexos.

“A lógica da Câmara Federal está também presente na lógica das Assembleias estaduais. Ou seja, o que nós vimos na Câmara Federal foi o avanço do lulismo e do bolsonarismo. O comportamento da Câmara Federal está expressando a eleição presidencial, uma forte polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro…As Assembleias estaduais refletiram a sociedade brasileira nesse instante”, colocou.

Oliveira também destaca que os partidos dos presidenciáveis tendem a fazer as maiores bancadas onde Lula e Bolsonaro registraram bons resultados. No caso de São Paulo, estado em que a disputa foi de 47% dos votos para o atual presidente e 40% para o ex, ambos construíram bancadas expressivas. Foram 19 deputados do PL e 18 do PT.

O PL ainda elegeu 17 parlamentares no Rio, onde Bolsonaro ganhou de Lula por 51% a 40%, e 11 em Santa Catarina, onde fez 62% a 29% em cima do rival. Já o PT garantiu 12 deputados em Minas Gerais, onde Lula venceu Bolsonaro por 48% a 43%; 12 em Piauí, com 74% a 19% sobre o atual presidente.

Carolina Almeida de Paula, cientista política do Iesp/Uerj, coloca que a eleição deste ano ainda trouxe os impactos das novas regras para os partidos, como a proibição da coligação e de cláusulas de barreira, que determinam regras de representatividade para acesso a fundo partidário e tempo de propaganda eleitoral gratuita, por exemplo.

O fraco desempenho do Novo, PTB, Pros e Patriota na Câmara se repetiu nas Assembleias Legislativas. O Novo, por exemplo, conseguiu cinco eleitos, perdendo apenas para PMB, com três, e DC, com um.

CNN Brasil