Quebra de tomógrafo em Mossoró prejudicou Walfredo

A sobrecarga que originou a suspensão das cirurgias eletivas no Hospital Walfredo Gurgel foi motivada, em parte, pela quebra do tomógrafo do Hospital Tarcísio Maia, em Mossoróm segundo a diretora do Walfredo Gurel, Fátima Pereira. Por isso, a capital do Estado  precisou absorver a demanda de doentes graves, incluindo os de neurocirurgia. O Hospital Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel retomou as cirurgias eletivas e ortopédicas na unidade nesta terça-feira (20) após uma suspensão momentânea anunciada e confirmada pela direção na última segunda-feira (19). Contudo, caso a demanda volte a crescer, o atendimento poderá ser suspenso novamente.

Dois dos seis leitos do centro cirúrgico estavam ocupados com pacientes de Mossoró. “Infelizmente, neste final de semana, estávamos há uma semana funcionando bem com apoio conjunto com o Nível Central, houve um acidente com muitas vítimas que vieram para cá e com isso e a violência no trânsito já existente, a política no interior, a demanda absurda no politraumático, tivemos um problema no tomógrafo de Mossoró e os pacientes neurocirúrgicos precisaram vir para cá. São seis salas, todas foram ocupadas com doentes graves: opera e não tinha vaga. À tarde precisamos suspender as cirurgias eletivas da geral e as ortopédicas para que as de emergência acontecessem” disse a diretora geral do Walfredo Gurgel, Fátima Pereira.
Ainda segundo ela, até a manhã desta terça-feira, eram 24 pessoas nos corredores do Walfredo, número que na semana passada chegou a superar 100 pessoas aguardando por uma cirurgia. “Estamos com 24 pacientes nos corredores, é um número menor, costumamos ter mais. Só que desses, 19 são traumas, com acidentes de moto. O Deoclécio tira pacientes nossos, o Memorial, Paulo Gurgel e o Walfredo também faz cirurgias”, acrescentou. Fátima disse ainda que, recentemente, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) firmou contrato emergencial recentemente para uma empresa fazer 10 cirurgias ortopédicas por dia para dar vazão à demanda.
Um desses pacientes é Daniel Medino, 39 anos, filho da dona de casa Dalva Medino, 55 anos, que sofreu um acidente de moto em Afonso Bezerra. “Ele está aqui desde domingo à noite esperando uma cirurgia facial e também no dedo, que está com fratura exposta. Está precisando de um oftalmologista, ortopedista, até aqui não teve. Ele segue no corredor. Ficou muito machucado o rosto dele. Disseram que ia fazer hoje. Estamos na fé que dê certo”, disse.
A diretora do hospital diz ainda que as suspensões podem voltar a acontecer. “Pode ser que hoje ou amanhã, se tiver um acidente grave de multiplas vítimas, vamos suspender as cirurgias eletivas. Esse é um hospital de trauma, de urgência e emergência, então temos que priorizar essa linha de cuidados antes de algo eletivo, que pode aguardar, mesmo que não seja o ideal. Você quebrou uma ponta do dedo, você quer operar logo”, disse.
O Walfredo Gurgel realiza cirurgias eletivas seja com equipes próprias, ou com terceirizados. A capacidade é de fazer até 1.200 desses procedimentos mensais.
Em agosto, a unidade registrou aumento de 35% no número de atendimentos por fraturas ortopédicas, sendo parte dessas assistências ligadas à acidentes. A primeira causa de internação é a queda com fratura de fêmur, seguida por acidentes de moto. A média mensal é de 600 atendimentos a motociclistas acidentados. Em agosto, o número saltou para cerca de 700.
Somente de acidentes de moto o aumento foi de cerca de 16% no mês passado, em comparação às médias dos meses anteriores. Esse tipo de acidente provoca lesões de extremidades, membros superiores e inferiores, e impactam diretamente no serviços de saúde.
Hospital da PM tem fila de cirurgias vasculares 
 
O Hospital Walfredo Gurgel não é o único no sistema de saúde estadual com filas para cirurgias eletivas. No Hospital Coronel Pedro Germano, o Hospital da PM, a fila é de pelo menos 265 pessoas para cirurgias só na área vascular, uma das especialidades do hospital.
“Esse número é reduzido dia a dia, mas também aumenta, porque novas pessoas são incluídas na fila. Nossa capacidade é de cerca de 100 a 120 cirurgias por mês nessa área”, comenta a diretora do hospital, a tenente coronel Ana Helena Garcia. A unidade conta com pelo menos 30 leitos para a área vascular. “A regulação é feita pela Sesap. Às vezes o usuário aguarda em casa ou pode estar em outro hospital, em outro serviço. Quem faz essa parte é a própria Sesap”, disse.
A diretora também negou que existam filas e superlotações dentro da unidade. “Não está acontecendo até porque fizemos há pouco tempo uma avaliação de números de cirurgias e os procedimentos vasculares se mantém estável. Até tivemos em alguns meses redução de cirurgias gerais, porque às vezes é algo mais eletivo e tem um menor número, mas a vascular tem se mantido. Todo mês há incremento, junto com a Sesap sempre estimulamos a transferência de pacientes à medida do possível”, disse.
Reforma
O Hospital Central Coronel Pedro Germano, conhecido como Hospital da PM, receberá intervenções em suas instalações. A Secretaria de Estado da Infraestrutura emitiu ordem de serviço para início de serviços de recuperação em diversos setores do hospital, que receberá investimento de R$ 208.532,78.
O contrato contempla parte da cobertura, central de esterilização e adequações dos setores de nutrição (com inclusão de área para manipulação de dietas especiais) e cozinha do hospital, além das instalações sanitárias. A empresa responsável pelos serviços é a Castro & Rocha LTDA, que terá 120 dias para conclusão. Segundo a Diretora do Hospital, Coronel Ana Helena, antes das obras iniciarem, a empresa contratada irá até o hospital para ajustar os trabalhos de forma que haja pouca interferência na rotina de atendimentos.
“Essa demanda era solicitada desde o ano passado para adequação do setor de nutrição e dietética do hospital. Na grande reforma que tivemos, anos atrás, esse setor ao término da reforma apresentava algumas falhas de execução e não pôde ser devidamente utilizado. Estamos usando num anexo, mas agora vai ser reestruturado e vamos utilizar efetivamente como setor de nutrição e dietética”, disse.
O Hospital Central Coronel Pedro Germano (HCCPG), conhecido como Hospital da Polícia Militar, completou no mês passado 59 anos. Além desta unidade, dispõe do Centro Clínico Coronel José Carlos Passos, localizado no bairro do Alecrim (antiga LBA). Com uma média de mais de 600 atendimentos por mês, tem as áreas vascular, ortopédica, clínica geral e endócrino como especialidades.