Febre das figurinhas antecipa o clima de Copa do Mundo em Natal

A febre das figurinhas da Copa do Mundo de 2022 segue a todo vapor no Brasil e no Rio Grande do Norte não é diferente. São vários os relatos de potiguares que já completaram o álbum do Mundial em poucas horas. Em Natal, um empresário já completou 40 álbuns, alguns deles em 24 horas. Em Currais Novos, interior do Estado, um gerente completou dois álbuns em um intervalo de 72 horas e vai propor um desafio: completar uma edição em 8 horas, na próxima quarta-feira (07).

 

Segundo o empresário Bruno Lorenski, 34 anos, desde a copa de 1994 coleciona álbuns e já iniciou a montagem dos seus álbuns da próxima edição desde o começo das vendas. Segundo ele, já completou 40 álbuns e a maioria deles pretende vender na internet, por preços que variam entre R$ 700 e R$ 1.000.
“Completei alguns álbuns já. Coleciono desde 1994. A gente completa um e vai atrás de fazer outros, com as figurinhas que sobram, para não acabar a brincadeira”, comenta o colecionador, fanático por futebol, que disse ter fechado álbuns em menos de 24h. Segundo ele, já abriu mais de 7.500 pacotes, além de trocas com amigos nas bancas.
No interior, outro colecionador chamou a atenção por bater um recorde e viralizar nas redes sociais. O curraisnovense Walter Waney Araújo, 44 anos, autônomo, completou um álbum em 72h e outro em 24h.
Cedida
Curraisnovense Walter Waney Araújo, 44 anos, autônomo, finalizou um álbum em 72h

Curraisnovense Walter Waney Araújo, 44 anos, autônomo, finalizou um álbum em 72h

“Foi uma experiência sensacional. Comprei R$ 300 em pacotes, depois mais R$ 700. Comecei a colar com minha esposa. No outro dia, comecei a trocar as figurinhas, juntamos uma galera aqui em casa, para troca e venda, e completei. A mais difícil foi o zagueiro da Holanda, Van Dijk, troquei por um bolo de 400 figurinhas. A emoção foi grande demais. No segundo álbum, fechei em 24h. Antes, só o Felipe Neto tinha conseguido isso. Acho que sou um dos primeiros do Brasil”, comenta, agradecendo o apoio da esposa e das filhas. Ele investiu cerca de R$ 1.200 no primeiro álbum, e atualmente, estima ter gasto R$ 2.600 no total.
Segundo ele, completar o álbum gerou um engajamento em outros curraisnovenses. “O pessoal tava comentando aqui que eu movimentei a cidade, porque os grupos ficaram animados com a postagem dos meus vídeos e todos ficaram empolgados para completar seus álbuns”, comemora o colecionador, que desde 1988 já junta figurinhas em álbuns do Campeonato Brasileiro e de outros mundiais.
Walter disse ainda que pretende fazer uma live na próxima quarta-feira numa conveniência da cidade com um desafio inusitado: completar um álbum num intervalo de 8h.
Coleção 
A Panini, empresa responsável pela fabricação do álbum, produz o material desde 2002 com autorização da FIFA. O álbum de 2022 tem 670 figurinhas, sendo 50 especiais e 80 raras. Algumas figurinhas raras, douradas e pratas, estão sendo vendidas a centenas de reais na internet para colecionadores. Os pacotes de figurinhas custam R$ 4. O álbum de capa fina custa R$ 12 e o de capa dura R$ 44,90. O preço salgado vem gerando bastante comoção entre os torcedores, que pagaram R$ 2 no Mundial de 2018 e R$ 1 na Copa de 2014, no Brasil.
Bancas registram falta de álbuns 
 
Apesar da febre das figurinhas, colecionadores e gerentes de bancas têm lamentado a dificuldade em se conseguir os pacotes e os álbuns para revender aos potiguares no Rio Grande do Norte.
Magnus Nascimento
Em Natal, bancas de revistas registraram longas filas de clientes na manhã deste sábado (03)

Em Natal, bancas de revistas registraram longas filas de clientes na manhã deste sábado (03)

Em Natal, uma das bancas mais tradicionais de revistas registrava longas filas de clientes na manhã deste sábado (03) a procura de figurinhas. “A falta de mercadorias se deu ao fato de que nem a Panini acreditava nessa copa, pela crise que estamos passando, o preço do pacote. A febre está do mesmo jeito, para ser sincero, nunca vi isso. Está muito maior do que nas últimas duas copas”, comenta o colecionador Bruno Lorenski.
Quando o dono da banca, Joanilson Junior, 56 anos, chegou por volta das 10h com caixas com 4.000 pacotes e 50 álbuns de capa fina, o material se esgotou rapidamente em poucas horas.
“Esses eu peguei com amigos, porque está faltando até nas distribuidoras. Em uma hora isso aí vai se esgotar”, disse o dono da banca, que trabalha no espaço desde 1994 e revende figurinhas desde 2006. Ele também coleciona o álbum da Copa 2022.
A banca, localizada na Prudente de Morais, é conhecida por organizar encontros de colecionadores aos sábados. Segundo Junior, há colecionadores de moedas, notas, álbuns antigos e até de outras edições do Mundial, com pessoas que não conseguiram completar vindo atrás das figurinhas faltantes.
“Está uma correria louca, é algo surreal. É um negócio que nem a Panini previa que iria acontecer. O pessoal está acreditando num desejo retraído pós-pandemia. Nem o mais otimista dos otimistas acreditava que isso iria acontecer. Está faltando álbum no país todo”, falou.
Em nota publicada nas redes sociais, a Panini disse que  está enfrentando questões de logística interna e, devido a alta demanda do Álbum da Copa, algumas entregas estão atrasadas. “Estamos trabalhando a todo vapor para que todos os álbuns sejam entregues o mais rápido possível”, disse, resumidamente, a empresa.
Quem estava na banca correndo para completar o primeiro álbum era a servidora pública aposentada Maria Medeiros, 65 anos. Ela coleciona junto com a filha, Letícia.
“Ainda não completei, estão faltando 31 figurinhas. Todo ano coleciono, desde 2014, quando comecei. Vim aqui trocar figurinhas com o pessoal e tentar completar meu álbum. Eu gosto de futebol e minha filha ama”, apontou.
 
Colaboração do jornalista 
Anthony Medeiros