A proposta de concessão de título de Cidadã Natalense a Maria das Dores, a Maria do Bar, está gerando polêmica na Câmara Municipal do Natal. O projeto da vereadora Margarete Régia (PROS) começou a tramitar nas comissões temáticas da Casa e, nesta segunda-feira (29), estava na pauta de apreciação da comissão de Legislação, Justiça e Redação Final. A vereadora Camila Araújo (União Brasil) se pronunciou contra a matéria, mas a presidente da comissão, Nina Souza (PDT) pediu vistas e matéria saiu de pauta.
A vereadora Margarete Régia propôs a concessão de título a Maria do Bar, que é proprietária de uma “boate de entretenimento adulto” e candidata a deputada estadual. A vereadora justificou a proposta afirmando que Maria “tem dedicado sua vida tanto a atividade de entretenimento noturno nesta Capital, como a assistência social”. Para Camila Araújo, contudo, não há motivos para se conceder o título.
Avaliando o parecer favorável do vereador Klaus Araújo (Solidariedade), Camila Araújo, que é evangélica, disse que a justificativa da vereadora Margarete Régia não a convence. Pelo contrário, ela diz que as credenciais de Maria do Bar vão de encontro a tudo o que defende.
“As pessoas indicadas têm que ter um serviço relevante. Para mim, isso não é um serviço relevante. Eu defendo o casamento, a prosperidade do casamento, outros valores. Nesse local predomina a promiscuidade e o adultério, por isso voto contra”, disse Camila Araújo.
Proposta
No projeto de Decreto Legislativo, a vereadora Margarete Régia fala obre a história de Maria das Doras, de 63 anos, que nasceu em Currais Novos e veio para Natal inicialmente para trabalhar como empregada doméstica. Porém, com o passar dos anos, passou a atuar como prostituta.

Projeto visa homenagear Maria do Bar
Segundo a justificativa que a vereadora apresentou na proposta, Maria das Dores foi à boate de Maria Boa em 1981, acompanhada de uma amiga, sem saber que o local era uma casa de prostituição. Lá, ainda de acordo com a história contada pela vereadora Margarete Régia, Maria das Dores foi convidada por um homem para fazer um programa e aceitou, recebendo quantia superior ao seu salário como doméstica. A partir daí, ela seguiu trabalhando na boate de Maria Boa até 1993, quando foi para João Pessoa e montou seu primeiro bar, no centro, ficando até 1998. Em 2000, ela abriu seu primeiro bar em Natal, na Praia do Meio, e posteriormente foi para o bairro do Alecrim, onde mantém até hoje seu estabelecimento.
“Em apenas dois meses ela já tinha vinte mulheres trabalhando no seu estabelecimento. Depois de seis anos, conseguiu comprar este imóvel. Hoje, conta com um total de 26 funcionárias, número ideal para o bom atendimento no seu empreendimento. Muitas já se casaram, formaram famílias, saíram do ramo definitivamente, outras saíram e depois voltaram, etc. Todas suas funcionárias são muito bem tratadas. Em caso de alguma adoecer, Maria dá toda assistência, cuida até que a funcionária fique totalmente curada”, justificou a vereadora em seu projeto, afirmando ainda que a empresária ajuda 22 casas sociais em Natal.
“Dessa forma, solicitamos o apoio dos ilustres Vereadores para a aprovação deste Projeto de Decreto Legislativo, que visa tornar a empresária Maria das Dores da Silva (Maria Bar do Alecrim) uma cidadã Natalense, como forma de reconhecimento pelos relevantes serviços dedicados ao nosso Município”, justificou Margarete Régia.
Candidata a deputada estadual, Maria do Bar declarou à justiça bens que somam R$ 1,9 milhão, entre casas, terrenos, salas comerciais e veículos automotores. Ela declarou patrimônio maior do que todos os candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte.