PF faz operação contra grupo que pretendia resgatar líderes do PCC

A Polícia Federal e o Departamento Penitenciário Nacional abriram uma operação para frustrar plano de resgate de líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) custodiados nas Penitenciárias Federais de Brasília, no Distrito Federal, e Porto Velho, em Rondônia. Entre os detentos que o grupo pretendia soltar está Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC que tem mais de 300 anos de pena para cumprir e foi transferido para presídio no norte do País em março.

Outros líderes que os alvos da operação pretendiam resgatar são Edmar dos Santos, conhecido como Quirino, Cláudio Barbará da Silva, o ‘Barbará, Reinaldo Teixeira dos Santos, Valdeci Alves dos Santos, o ‘Colorido’, e Esdras Augusto do Nascimento Júnior.

Batizada Operação Anjos da Guarda, a ofensiva cumpriu mandados de prisão preventiva contra 11 investigados, além de executar 13 ordens de busca e apreensão no Distrito Federal (Brasília), em Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Três Lagoas) e em São Paulo (São Paulo, Santos e Presidente Prudente).
De acordo com a PF, o plano dos integrantes do PCC ‘contava com uma rede de comunicação estabelecida entre advogados, que extrapolavam as suas atividades legais, ao transmitir tanto as cobranças dos custodiados quanto os retornos das mensagens dos criminosos envolvidos no resgate’.
“Para organizar as atividades ilícitas, os investigados se valiam dos atendimentos e das visitas em parlatório, usando como códigos para a comunicação situações jurídicas que, comprovadamente, não existiam de fato”, diz a corporação.
Além disso, os investigadores apontam que os alvos da ofensiva pretendiam ‘sequestrar autoridades para conseguir a soltura de criminosos’. O nome da operação, ‘Anjos da Guarda’, faz referência aos servidores da Segurança Pública, ‘que se esforçam e se arriscam dia e noite para proteger a sociedade de criminosos’, indica a Polícia Federal.
Antes de ser transferido para Rondônia, Marcola estava preso em Brasília desde março de 2019. A transferência do criminoso para a capital federal provocou atritos entre o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do DF e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e Sérgio Moro, à época ministro da Justiça e hoje pré-candidato à ao Senado pelo Paraná.
Segundo a PF, o plano contava com uma rede de comunicação estabelecida com advogados, que extrapolavam suas atividades legais ao transmitir tanto as cobranças dos custodiados quanto o retorno de mensagens dos criminosos envolvidos no resgate.
Além da tentativa de resgate dos presos, o grupo pretendia implementar outras ações, como o sequestro de autoridades, na tentativa de viabilizar a soltura de criminosos.
“Para organizar as atividades ilícitas, os investigados se valiam dos atendimentos e das visitas em parlatório, usando como códigos para a comunicação situações jurídicas que, comprovadamente, não existiam de fato”, informaram os investigadores.
Em dezembro de 2019, o Exército cercou a Penitenciária Federal de Brasília após setores da inteligência do governo receberem informações de um plano para resgatar Marcola. A tentativa teria sida planejado por Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho ou Magrelo, apontado como uma das principais lideranças do PCC.
Fuminho foi preso meses depois, em abril de 2020. No mesmo ano, o Ministério Público de São Paulo deflagrou uma série de operações contra líderes da facção e integrantes de sua ‘célula jurídica’.
Planos foram denominados de “STF, STJ e suicida” 
Alvo da Operação Anjos da Guarda, o grupo que pretendia resgatar a cúpula do Primeiro Comando da Capital de presídios do Distrito Federal e Rondônia – entre eles o chefe da facção, Marcola – tinha três planos de fuga, que foram comunicados aos detentos por meio de mensagens codificadas transportadas por advogados. De acordo com a Polícia Federal, o primeiro plano tinha o nome STF e tratava de invasão à penitenciária federal. O segundo, batizado STJ, envolvia o sequestro de autoridades do sistema penitenciário. Havia ainda o plano ‘suicida’ que envolvia uma ‘provável’ rebelião, iniciada pelo próprio Marcola, com a tomada de um servidor público como refém.
As informações constam de decisão proferida pelo juiz Francisco Codevila, da 15ª Vara Federal de Brasília, responsável por expedir os 11 mandados de prisão preventiva cumpridos pela Polícia Federal ontem. Como mostrou o Estadão, os investigados pretendiam soltar não só Marcola, mas também outros líderes da facção – Edmar dos Santos, conhecido como Quirino, Cláudio Barbará da Silva, o ‘Barbará, Reinaldo Teixeira dos Santos, Valdeci Alves dos Santos, o ‘Colorido’, e Esdras Augusto do Nascimento Júnior.
Além disso, os agentes da Polícia Federal vasculharam 13 endereços no Distrito Federal (Brasília), em Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Três Lagoas) e em São Paulo (São Paulo, Santos e Presidente Prudente). Entre os alvos de buscas está a mulher de Marcola, Cynthia, que é apontada pelos investigadores como a pessoa que repassa informações de forma codificada a respeito da situação das pessoas que estão envolvidas no plano de resgate.
As buscas visaram apreender provas que poderiam estar nas residências dos alvos identificados como responsáveis pela transmissão de mensagens cifradas de dentro para fora dos presídios federais. Codevilla considerou que a medida era ‘essencial’ para identificação dos demais envolvidos e ‘servirá como forma de frear a atividade delitiva’.
A PF conseguiu identificar os planos de resgate da cúpula do PCC depois de colocar as mãos em um documento de posse de uma advogada, alvo de mandado de prisão preventiva. Antes de ser capturada pela corporação, ela foi alvo de ordem de quebra de sigilo telemático.
Segundo os investigadores, o arquivo obtido contém detalhamentos para a execução do plano para libertar os presos, a indicação de que as siglas ‘STF’ e ‘STJ’ tratam de códigos. O documento ainda menciona possível de sequestro de integrantes do Sistema Penitenciário Federal e seus familiares, com ordens, inclusive, para a prática de homicídios.