Uma mulher foi presa na manhã desta quarta-feira (10) no Rio de Janeiro por aplicar um golpe milionário contra a própria mãe. A idosa sofreu um prejuízo estimado em R$ 725 milhões, entre pagamentos sob extorsão e quadros roubados, incluindo obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti.
Segundo as investigações, a filha contratou pessoas que se passaram por videntes para convencer a mãe a pagar por um “trabalho espiritual”. Após descobrir o golpe, a vítima passou a sofrer ameaças.
Quatro pessoas foram presas, incluindo a filha, e alguns quadros foram recuperados.
O golpe
Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, todo o plano foi elaborado pela filha no início de 2020. Ela contratou uma mulher para se passar por vidente e abordar a mãe no meio da rua alertando sobre uma morte na família — no caso, a da própria filha.
A “vidente” levou a idosa a outras duas comparsas, que foram apresentadas como cartomante e mãe de santo. Elas confirmaram a previsão e sugeriram a realização de “um trabalho espiritual” para salvar a vida da filha, que seria feito mediante pagamento.
A idosa contou tudo para a filha, que fingiu ficar apavorada e pediu que a mãe fizesse o trabalho espiritual. Em um período de 15 dias, a mãe fez pagamentos que totalizaram R$ 5 milhões para a realização do suposto trabalho.
Depois, a filha passou a dispensar funcionários e prestadores de serviços domésticos para isolar a mãe dentro de casa.
No entanto, no início de fevereiro a idosa começou a perceber que a filha tinha relação com as videntes e parou de fazer os pagamentos. Foi quando a filha começou a agredir e ameaçar a própria mãe.
No dia da prisão da filha, agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade saíram para cumpriram seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensã ninguém no local respondiam os policiais.
Foram presos a filha da idosa, Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger, Jacqueline Stanescos e Rosa Stanesco Nicolau, mãe de Gabriel.
Prejuízo
O prejuízo estimado pela polícia chegou a R$ 725 milhões, entre pagamentos para o “trabalho” dos videntes, roubos de obras de arte e pagamento de extorsão.
Foram roubados:
- 16 quadros, com valor estimado em R$ 709 milhões;
- R$ 6 milhões em jóias;
- R$ 5 milhões pelos “trabalhos espirituais”;
- R$ 4 milhões que foram tranferidos sob ameaça.
Três obras foram recuperadas em São Paulo, entre elas, a obra Sol Poente, de Tarsila do Amaral, avaliada pela vítima em R$ 250 milhões e que estava sob o estrado da cama de um dos suspeitos. Outras, que ainda não foram recuperadas, foram vendidas para o Museu de Arte Latino-Americano, em Buenos Aires.
Quadros roubados
Veja a lista das 16 obras roubadas e seus valores:
- O Sono, de Tarsila do Amaral: R$ 300 milhões;
- Sol Poente, de Tarsila do Amaral: R$ 250 milhões;
- Pont Neuf, de Tarsila do Amaral: R$ 150 milhões;
- O Menino, de Alberto Guignard: R$ 2 milhões;
- Elevador Social, de Rubens Gerchman: R$ 1,5 milhão
- Mascaradas, de Di Cavalcanti: R$ 1,5 milhão;
- Maquete Para Meu Espelho, de Antônio Dias: R$ 1,5 milhão;
- Aquarela sem título, de Cícero Dias: R$ 1 milhão;
- Coruja ao Luar, de Kao Chi-Feng: R$ 1 milhão;
- Ela, aquarela, de Cícero Dias: R$ 1 milhão;
- Porto de Pesca rem Hong-Kong, de Kao Chien-Fu: R$ 1 milhão;
- Mulher na Igreja, de llya Glazunov: R$ 500 mil;
- Desenho representando uma paisagem, 1935, de Alberto Guignard: R$ 150 mil;
- Église Saint Paul, de Emeric Marcier: R$ 150 mil;
- Retrato, de Michel Macreau: R$ 150 mil;
- Rue des Rosiers, de Emeric Marcier: R$ 150 mil.