Pfizer pede uso da vacina contra covid para crianças de até 4 anos

Em visita a Natal para participar de um evento sobre vigilância sanitária, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, afirmou que a fabricante Pfizer entrou com um pedido de registro na agência para vacinar crianças menores de 5 anos no País. A solicitação da empresa é para imunizar crianças de 6 meses a 4 anos. Caso seja aprovado, essa será a segunda vacina autorizada para o público infantil, mas a primeira voltada para menores de 3 anos, já que a Coronavac é aplicada em crianças de 3 a 5 anos.

Barra Torres diz que a inclusão da vacina infantil da Pfizer no Programa Nacional de Imunização (PNI) depende de uma análise técnica rigorosa. A previsão para que a agência conclua as averiguações é de 30 dias, mas o prazo pode ser prorrogado. “Esse processo encontra-se em análise e essa análise vai produzir resultados, vamos colocar nosso parecer sempre no menor tempo possível, mas sempre com uma análise muito bem feita. Então, esse processo está sim em andamento”, afirma o diretor-presidente da Anvisa.
A vacina adulta da Pfizer tem registro no País desde fevereiro de 2021. No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou orientações para o uso da vacina pediátrica da Coronavac em crianças. A pasta orientou que as doses sigam uma ordem prioritária e sejam aplicadas primeiramente nos imunocomprometidos, de acordo com os estoques. Depois a vacinação pode ser destinada para as crianças com quatro anos, seguidas pelas de três anos de idade.
Em conversa com a TRIBUNA DO NORTE, Barra Torres abordou diversos assuntos. Ele disse que a Anvisa não foi notificada oficialmente sobre a aquisição de doses contra a varíola dos macacos, mas que o movimento não contraria as regras vigentes. Por ora, não há previsão para autorização do uso da vacina contra a monkeypox no País, que vive um surto da doença, segundo o Ministério da Saúde. A última atualização registrou 1.369 casos até a segunda-feira (1º). Cerca de 75% dos infectados estão no Estado de São Paulo. O Rio Grande do Norte teve duas confirmações.
“Esse processo de aquisição da vacina contra a varíola dos macacos está sendo conduzido pelo Ministério da Saúde, que tem toda a autoridade para isso. Em situações emergenciais, ele pode, inclusive, superar as atribuições da Anvisa. Até o presente momento, a Anvisa não tem informações oficiais quanto a essa aquisição, mas isso não é algo que contrarie as normas vigentes”, comenta.
Na semana passada, a Anvisa criou o Comitê Técnico da Emergência Monkeypox (varíola dos macacos) para que as áreas técnicas de pesquisa clínica, de registro, de boas práticas de fabricação, de farmacovigilância e de terapias avançadas atuem em processo colaborativo, inclusive com os profissionais de saúde e a comunidade científica. A ideia é que esse grupo de trabalho acelere o desenvolvimento de ações e autorizações de medicamentos e vacinas.
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga já anunciou publicamente que está em tratativas com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para comprar doses da vacina contra a varíola dos macacos, mas a ideia é vacinar apenas os profissionais da saúde que lidam diretamente com o vírus. A prioridade da Saúde deve ser o isolamento dos casos confirmados e orientações sobre a transmissão. Na segunda, pelas redes sociais, Queiroga disse que o Brasil receberá o antiviral Tecovirimat para reforçar “enfrentamento ao surto” nos casos mais graves.
Antônio Barra Torres esteve na capital potiguar para abrir a IX Semana de Vigilância Sanitária de Natal e o I Fórum Estadual de Vigilância Sanitária do RN, que teve como tema o “Papel do Estado no controle dos riscos à saúde e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde”. O evento também teve a presença dos secretários de Saúde do Estado, Cipriano Maia, e de Natal, George Antunes, além de representantes do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Um dos temas que serão colocados à mesa para discussão ao longo da semana será o “apagão” de insumos e medicamentos no País, que afeta o RN. O problema denuncia a necessidade de fortalecimento do SUS, afirmam os especialistas. Barra Torres disse que o Ministério da Saúde deve fornecer alternativas para solucionar o desabastecimento.
Conforme mostrou a TRIBUNA DO NORTE, faltam medicamentos básicos, como novalgina, dipirona, amoxicilina e até mesmo soros na rede pública municipal e nas prateleiras das farmácias do Rio Grande do Norte. No cenário nacional, a cada dez cidades, oito relatam falta de remédios, segundo mostra uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM).