77,3% das famílias brasileiras estão endividadas, diz CNC

Pelo menos 7 em cada 10 famílias brasileiras estavam endividadas no mês de junho deste ano, aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Divisão de Economia e Inovação (Dein) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). De acordo com o levantamento, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer chega a 77,3% dos lares no Brasil. Em Natal, em levantamento anterior, divulgado no primeiro trimestre, o número era ainda maior: 90,4%.

O número em questão é 7,6% maior do que em junho de 2021. No entanto, vale considerar que o índice apresentou recuo de 0,1% em relação ao mês de maio deste ano. Segundo o estudo, foram consideradas como dívidas compras feitas por meio de cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de automóveis ou de imóveis.

No sexto mês deste ano, pelo menos 28,5% das famílias afirmaram ter dívidas ou contas em atraso. 10,6% dos pesquisados responderam em junho deste ano que não terão condições de pagar os débitos; no entanto, o número é menor que em maio deste ano e em junho do ano passado: em ambos os meses, 10,8% dos entrevistados relataram não ter condições de quitar as dívidas. O que mostra um esforço do brasileiro para sair do negativo.

PERFIL

No entanto, mulheres e homens apresentaram comportamentos diferentes neste ano. O endividamento diminuiu 0,7% entre as mulheres, na passagem de maio para junho, enquanto aumentou 0,3% entre os homens. Mas comparando o mês de junho de 2022 com o de 2021, entretanto, o avanço na proporção de endividados foi maior entre as mulheres, que chegou a 80,1% das entrevistadas, 10,5% a mais que no ano passado. O suficiente para caracterizar o público feminino como o mais endividado atualmente.

Os homens também ficaram mais endividados neste ano em relação ao anterior. Em junho de 2022, o relatório aponta que 76,5% dos homens eram endividados, enquanto o índice era de 70,2%, ou seja, uma diferença de 6,3%.

Outra questão que chamou atenção foi em relação à renda. A pesquisa considerou dois grupos: os de famílias com renda menor que 10 salários mínimos (sm) e as que ganham mais que este patamar. Neste sexto mês de 2022, 74,2% das famílias que ganham mais que 10 salários mínimos eram endividadas, enquanto 78,2% das que faturam menos que esta renda mensal poderiam ser consideradas com dívidas.

Considerando os mesmos meses, o crescimento de endividados foi maior para quem ganha mais, uma vez que famílias que ganhavam mais que 10 sm eram 65,5% no ano passado – 8,7% a menos que neste ano– e as que ganhavam menos que este índice eram 70,7% – 7,5% menor que em 2022.

VILÕES

De acordo com a Pesquisa da CNC, o cartão de crédito ainda é o vilão de 86,6% dos endividados. E olha que o número de famílias endividadas por causa do cartão teve redução de 1,9% em junho. “A evolução positiva do mercado de trabalho com menos restrições impostas pela pandemia, em conjunto às medidas temporárias de suporte à renda (saques extraordinários no FGTS, antecipações de 13º salário, INSS e maior valor do Auxílio Brasil), mostra efeitos na redução dos gastos no cartão”, avaliou o estudo.

Logo em seguida apareceram carnês (18,3%), financiamento de carro (10,8%), crédito pessoal (8,8%) e financiamento de imóveis (8%). O cheque especial também foi usado por 5,7% dos devedores – em contrapartida este recurso foi um fator menor do que no ano passado, em que 6,3% dos entrevistados acusaram ter recorrido ao cheque especial.

EM NATAL

Depois de bater recordes em fevereiro, os números de endividamento e inadimplência das famílias natalenses teve uma leve queda no mês de março. O índice de famílias endividadas, chegou a 90,4%, queda de 0,3% em relação a fevereiro (90,7%), de acordo com a Pesquisa.

No total, neste mês de março, 238.270 famílias natalenses (810 a menos do que em fevereiro) possuem dívidas a vencer, como financiamento do carro ou imóvel, cartão de crédito, empréstimos consignados, entre outros. As famílias que já estão com suas contas em atraso caíram de 107.383 em fevereiro para 104.312 em março – 3.071 famílias a menos. E as famílias que não terão condições de pagar suas dívidas alcançaram a quantidade de 25.699. Em março do ano passado eram 10.289; 15.410 a mais.