Saiba como chefe de facção enviou 320kg de cocaína escondidos em açaí para Portugal

Antes de ser preso em uma casa de luxo no Ceará, o traficante internacional e chefe de uma facção criminosa de origem carioca Rodrigo Lupércio Sebastião, conhecido como ‘Chocolate’, enviou 320 kg de cocaína, escondidos em uma carga de açaí, para Portugal. A droga, avaliada em cerca de R$ 80 milhões, foi apreendida em terra lusitana somente dois meses depois da prisão ocorrida em solo cearense.

A ordem de ‘Chocolate’ para enviar o entorpecente foi descoberta em uma investigação conjunta realizada pelo Departamento de Inteligência Policial (DIP), pela Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), pela Delegacia de Narcóticos (Denarc) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), setores da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), a partir da extração de dados de aparelhos celulares apreendidos com o suspeito, autorizada pela Justiça Estadual.

O paranaense Rodrigo Lupércio, de 45 anos, e a esposa foram presos em razão de mandados de prisão preventiva, na posse de três carros de luxo que valem cerca de R$ 1,4 milhão e de ouro e joias avaliados em R$ 150 mil, em um condomínio de luxo em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 13 de abril deste ano. A mulher foi solta no dia seguinte, para cumprir prisão domiciliar e cuidar de duas filhas menores de idade e autistas. Enquanto o homem segue encarcerado no Sistema Penitenciário cearense. A defesa dos acusados nega o cometimento dos crimes.

Em solo paraense, Rodrigo Lupércio fez pesquisas sobre embalagens de açaí e deu pistas de que enviaria uma carga em um container refrigerado, que sairia do Porto de Vila Conde (Barcarena/PA) em uma rota internacional: escala no Panamá (América Central) e destino final em Portugal (Europa). A Polícia Federal (PF) e a Drug Enforcement Administration (DEA) – agência norte-americana de combate ao narcotráfico – foram acionadas.

A DEA interceptou o container em Cristóbal, no Panamá, e inspecionou a carga de açaí, com ajuda de um cão farejador, mas não encontrou nenhum ilícito. Depois de semanas, a droga chegou no último dia 24 de junho ao Porto de Sines, em Portugal, onde a Polícia Judiciária já estava avisada sobre a suspeita de tráfico internacional de drogas.

O container passou por um scanner, que localizou os 320,45 kg de cocaína escondidos na carga de polpa de açaí. Dois brasileiros (um empresário paraense de 24 anos e um estudante mineiro de 26 anos) foram presos em flagrante, no momento em que receberiam a droga. Um terceiro brasileiro (empresário paranaense de 27 anos), que seria o responsável pelo transporte da carga, também é suspeito de participar do crime.

O desdobramento da apreensão de 320 kg de cocaína na carga de açaí levou a mais duas prisões de brasileiros em Portugal, nos dias seguintes, de acordo com fontes da Polícia Civil do Ceará. Entre eles está um tenente da Polícia Militar do Pará.

A Corregedoria Geral da Polícia Militar do Pará descreveu, em nota, que “vai acompanhar as investigações dos órgãos competentes e que adotará as medidas necessárias que o caso requer” e que “não compactua com nenhum desvio de ética de quaisquer de seus integrantes”.

O QUE DIZ A DEFESA DE ‘CHOCOLATE’

defesa Rodrigo Lupércio Sebastião, representada pelo advogado Marcelo Brandão, nega o cometimento dos crimes. “Nunca encontraram uma grama de droga com ele (cliente), nem droga exportada por ele”, sustenta o defensor, que também nega o envio da droga em carga de açaí para Portugal.

Segundo Brandão, o cliente foi condenado por roubo a banco em outro Estado, cumpriu a pena e se mudou para Fortaleza para recomeçar a vida, como vendedor de veículos de luxo.

Marcelo Brandão afirma que a defesa de Rodrigo Lupércio está trabalhando na sua absolvição e que irá tentar a sua liberdade, para voltar à vida com a esposa e as filhas, “que estão doente e precisam dele”. As informações são do Diário do Nordeste.