Hapvida não paga, e trabalhadores de 200 famílias que ergueram novo hospital em Natal são demitidos sem verbas rescisórias

Pelo menos 200 famílias estão sendo prejudicadas desde que trabalhadores recrutados para obras de ampliação e reforma do Hospital Antônio Prudente, do grupo HapVida, foram demitidos sem receber verbas rescisórias. Parte deles judicializou a questão, mas, como se trata de processo judicial, não há prazo fixado para o recebimento dos valores devidos.

Os relatos enviados ao Blog do BG davam conta inicialmente da situação dos trabalhadores. Ao longo da apuração se constatou também que os problemas que Hapvida provocou se estendem à construtora contratada para as obras, a Ekos Brasil Engenharia.

A empresa foi chamada para construir um novo edifício para a Hapvida, na Rua Jaguarari, e reformar o prédio vizinho, o Hospital Antonio Prudente. Os problemas começaram já na partida, quando o hospital comunicou que a reforma seria suspensa em razão da deflagração da pandemia de covid-19, o que inviabilizava obras, dada a demanda que a unidade estava recebendo.

Ocorre que a construtora contratou pessoal para as duas frentes, reforma e construção do novo edifício. Enquanto a reforma não saía, o pessoal contratado continuou recebendo normalmente, sendo parte dele readequado para outras funções não previstas originalmente.

Dívidas

De acordo com o relato enviado por um grupo de trabalhadores demitidos, a construtora os dispensou após manter o vínculo por mais de oito meses após a entrega do novo prédio e sem ter iniciado a reforma do hospital. Pelos relatos, a empresa cobrava ao hospital para que pudesse iniciar as obras, mas a Hapvida reiteradamente adiava os trabalhos.

A obra do novo prédio foi entregue em tempo recorde de 9 meses. Documentos obtidos pelo Blog do BG de disputa judicial de alguns trabalhadores narram que, após esse período, a construtora passou a cobrar a Hapvida valores devidos para pagar os funcionários, bem como iniciar a reforma do Hospital Antonio Prudente, mas nem os pagamentos da Hapvida foram feitos, nem a reforma foi iniciada.

Além disso, ao longo da construção, serviços não previstos foram sendo incluídos de última hora pela Hapvida e a construtora fazia, alterando os valores finais do contrato, que não foi honrado totalmente. A partir de agosto do ano passado, a situação começou a piorar quando a reforma que deveria ter sido iniciada foi sendo cada vez mais adiada.

A situação ficou insustentável a partir de março deste ano, quando, sem receber da Hapvida e não podendo mais pagar sem receber do hospital, a Ekos desmobilizou sua equipe sem conseguir pagar as rescisões. Fornecedores da construtora também foram afetados.

Outro lado

A Ekos foi procurada pelo Blog do BG para comentar a matéria. Em nota, a empresa lamentou a situação e reconheceu o direito dos trabalhadores e que luta para conseguir junto a Hapvida os valores devidos para cobrir as despesas.