‘Você também quer?’, disse anestesista ao ter sedação questionada por enfermeira durante parto

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32 anos, preso na madrugada desta segunda-feira (11) pelo crime de estupro cometido contra uma gestante durante um parto cesárea no Hospital Estadual Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi descrito pelos demais funcionários como “um profissional de atitudes estranhas” e que “arrumava seu espaço de trabalho de forma a criar barreiras que impediam a visão de todos os profissionais presentes”.

Três funcionários do hospital concederam depoimentos na Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti. Uma delas, uma técnica de enfermagem que não terá o nome divulgado, disse à polícia que na primeira cirurgia do dia já notou que a gestante estava totalmente sedada e questionou o médico, que respondeu de forma ríspida:

“Por quê? Você também quer?”, disse o anestesista à profissional.

A profissional relatou ainda que uma colega do plantão mencionou que o anestesista pediu que o acompanhante da segunda gestante deixasse o centro cirúrgico —no total, Bezerra participou de três procedimentos naquele dia.

No testemunho ainda consta que como as suspeitas sobre o comportamento do médico foram se intensificando ao longo do dia, parte da equipe transferiu a terceira cesariana para um outro centro cirúrgico, onde seria possível posicionar um celular escondido para filmar a ação.

Nas imagens gravadas, o anestesista aparece abrindo a calça e colocando o pênis na boca da paciente.

O ato teria ocorrido após o nascimento do bebê, com a mãe ainda inconsciente devido a alta quantidade de anestesia recebida.

“A declarante e seus colegas viram que o mesmo chegou a ejacular na boca da paciente, limpando a boca da mesma e seu pênis e depois jogou o material fora na lixeira ali próxima”, diz o documento.

Uma segunda testemunha confirmou à polícia que o médico tinha práticas incomuns no centro cirúrgico e aplicava medicação superior à usada pelos demais anestesistas do hospital.

A enfermeira, que também não terá o nome divulgado, disse ainda que a equipe desconfia que o anestesista tenha abusado da segunda paciente operada pela equipe no mesmo dia.

Procurado, o escritório Novais Advogados, que representaria o médico, informou que “não possui interesse na contratação dos serviços do caso do médico anestesista” e o desejou sorte na defesa com o futuro advogado.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, responsável pelo hospital, o médico trabalhava havia seis meses em três hospitais da rede pública do Rio de Janeiro.