De BBB a acidente radiativo: como professor de escola natalense tem mudado forma de ensinar com criatividade e inovação

O que o Big Brother Brasil e a simulação da cena de um suposto acidente radioativo têm a ver com o ensino da História? Aparentemente, nada. Mas, e se forem maneiras criativas e “fora da caixa” encontradas por um professor para repassar conteúdos aos seus alunos? É isso que vem acontecendo com as turmas do 6º ao 8º ano da Maple Bear Natal, nas aulas do professor Lucas Vale. O educador utiliza referências que englobam metodologias ativas e gamificação e estão em consonância com o método de ensino canadense, empregado na escola, que incentiva o aluno a “aprender fazendo”.

Numa das aulas, o professor preparou QR Codes com informações sobre personagens das revoluções inglesas e espalhou pelo pátio da escola. As turmas foram divididas em equipes e os alunos tiveram que encontrar os códigos. De volta à sala de aula, eles descobriram quais eram as informações e cada equipe teve que montar uma apresentação para o personagem histórico como se fosse uma apresentação de participantes do BBB. Os alunos e o professor dialogaram sobre esses personagens e sua relevância para a história das revoluções inglesas e fizeram simulações sobre quem seria o líder, o anjo, quem enfrentaria um paredão.

Segundo Lucas Vale, que tem 27 anos e também é mestre em Antropologia (UFPB) e mestrando em Inovação e Tecnologias Educacionais (UFRN), a Base Nacional Comum Curricular recomenda o uso de metodologias e tecnologias que favoreçam a interatividade e o protagonismo estudantil para desenvolvimento de habilidades e competências. Ele destaca que na Maple Bear Natal isso se consolida na prática, por meio do programa canadense de ensino, que compreende os estudantes como sujeitos ativos no processo de ensino-aprendizagem e que incentiva práticas pedagógicas criativas.

“Muitas pessoas têm uma visão equivocada do componente curricular História, classificando-o como “chato”. Isto acontece porque durante muito tempo o ensino consistia apenas na memorização de nomes de pessoas, datas e acontecimentos. Acredito que o ensino de História precisa se tornar divertido e estimulante, e a tecnologia e a criatividade são as maiorias aliadas do professor, que pode, a partir de desafios, projetos, resoluções de problemas, jogos e storytelling, transformar a sua sala de aula”, explicou.

Investigação de acidente radioativo
Em outra oportunidade, o professor montou a cena de um suposto acidente radioativo e pediu para os alunos investigarem. Foram reunidos diferentes materiais que seriam as pistas para entender o que havia acontecido. Os estudantes foram divididos em grupos e eles tiveram um tempo para investigar o espaço. Os alunos tinham que encontrar todas as pistas e classificá-las como fontes históricas e com base nelas escrever suas versões dos fatos. A ideia era que eles relacionassem, na prática, o trabalho do historiador com o trabalho do investigador, já que ambos interpretam acontecimentos por meio de vestígios.

“O objetivo pedagógico sempre vem em primeiro lugar. Primeiro eu me pergunto: ‘O que os meus alunos precisam aprender agora?’, e aí busco esta resposta nos documentos de referência para o currículo escolar. Depois, me pergunto novamente: ‘Como eles podem aprender isto da forma mais emocionante?’. Acredito que ao tornarmos nossas aulas emocionantes, as tornamos inesquecíveis, e assim contribuímos para uma aprendizagem com maior significado”, disse Lucas Vale.

Para o coordenador do ensino fundamental da Maple Bear Natal, Olavo Vitorino, a forma diferenciada encontrada pelo professor para ensinar contribui na aprendizagem mais fácil dos alunos na perspectiva do impulsionamento ao protagonismo do estudante em busca do desenvolvimento de habilidades e competências, que serão cada vez mais necessárias para o cidadão no futuro. Tudo isso, por meio da resolução de problemas.

“Dessa forma, os estudantes não são meros reprodutores de conteúdos, mas, sim, trabalham os objetos de conhecimento de uma maneira que permita maximizar ainda mais o processo de aprendizagem, ou seja, eles aprendem mais e buscam tomar decisões assertivas, levando em consideração causas e consequências. A metodologia canadense possui como um dos seus pilares a perspectiva do aprender fazendo. Assim, buscamos atender a esse princípio de uma maneira criativa e dentro da realidade do contexto em que vivemos”, resumiu o coordenador.