Linhas 51 e 52 retomam itinerário normal em março

Uma mudança repentina no itinerário pegou de surpresa os usuários das linhas L-51 e L-52. A Via Sul, que opera as linhas, comunicou que está operando a partir do Terminal Serrambi devido a uma reforma no Terminal das Rocas, o que provocou alterações no serviço. A STTU apontou que as modificações por parte da empresa foram feitas sem autorização da Secretaria. As linhas devem retornar aos seus itinerários originais no dia 02 de março.

Desde o início da pandemia, 24 linhas do sistema de transporte público natalense foram devolvidas à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU). As empresas do setor alegaram inviabilidade financeira agravada pela pandemia ao encerrar tais atividades. Contatada, a Secretaria disse estar buscando alternativas para minimizar o impacto para a população mas não comentou sobre as estratégias propostas. Procurado, o Seturn não respondeu à reportagem até o fechamento da matéria por indisponibilidade durante o carnaval.
A STTU afirmou que está totalmente voltada para acelerar e finalizar o edital de licitação do transporte para este mês de março (primeiro trimestre), conforme tem sido publicizado em entrevistas e reuniões com a população. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última quinta-feira (17), a titular da pasta, Daliana Bezerra, explicou que as reuniões com a população  ocasionaram um atraso no processo que pretendia ser iniciado no final de 2021.
“Pela parte técnica, a STTU trabalha para manter esse prazo. Temos um limite de recursos humanos na STTU, que não trata só do transporte público, como também somos responsáveis pelo transporte de táxis, projetos viários, semáforos, entre outras demandas. Recebemos muitas contribuições e acabamos tendo um atraso nessa análise porque nosso intuito em fazer essas reuniões era ouvir a população verdadeiramente, analisar o que foi posto e dar uma resposta. Tivemos que fazer alguns ajustes na rede a partir dessas contribuições de imediato, o que também contribuiu para esse atraso, mas já começamos até a responder aqueles que deixaram seu contato”, pontuou a secretária.
Além das 24 linhas devolvidas, a N-68 também não retomou atividades após o fim da greve dos rodoviários. Sobre o assunto, a STTU esclareceu que foi informada mas não aceita esse tipo de paralisação e está nos terminais autuando a empresa. Também confirmam que solicitaram oficialmente o restabelecimento da linha.
O número de passageiros do sistema de transporte público, e principalmente, o número de pessoas afetadas pelas devoluções das 24 linhas não foram informados à reportagem. A Secretaria também não comentou se as empresas responsáveis já foram ou serão punidas de alguma forma. O site que fornece dados sobre o sistema (https://mapa.dados.natal.br/) encontra-se fora do ar e a STTU não explicou o porquê dessa não disponibilidade.
População reclama da falta de alternativas
Daniela Silva mora há 18 anos no bairro de Nova Descoberta e, desde a descontinuação da linha 48, precisou até sair de um emprego pela falta de alternativas para o transporte na região. “Eu tinha que descer a pé da Djalma Maranhão até a Universal para pegar um ônibus que parasse perto do trabalho. Pedi demissão porque eu ficava cansada demais, descia às 6h30, pegava um ônibus para o Alecrim, ficava 10 horas em pé no trabalho, voltava de lá, descia na Universal e vinha a pé. Eu pegava o 48 e no início da pandemia realmente tudo desandou, as linhas foram extintas e dificultou a vida de todo mundo”, diz.
Agora com um trabalho mais perto de casa, a jovem ainda não consegue um transporte direto e sofre com a longa espera pela linha 29. Daniela precisa chegar na parada com pelo menos 1h30 de antecedência ao tempo em que deve entrar no trabalho para evitar atrasos. “Está uma situação muito ruim. Ninguém se mobiliza nem faz nada por nós. Muitas pessoas tem carro mas nem todo mundo vai de carro para o trabalho. Eu não tenho então meu carro é o ônibus”.
Em Neópolis, a população também foi bastante afetada com a extinção das linhas 30, 31 e 83. Quem mora na Avenida das Alagoas precisa se deslocar até a BR-101 para conseguir maiores opções de transporte. Residente do local, a aposentada Morgania Soares reclama do isolamento.
 “Com o 30, tínhamos mais uma opção quando vinha do Natal Shopping, por exemplo. O 51 demorava mais e o 30 sempre passava antes. Para mim, esse foi o maior desconforto de não ter mais opções. Eu deixei de ir para Ponta Negra porque o 83 não está em operação. Ficamos limitados a só uma linha que demora muito e acaba que ninguém espera mais nenhum ônibus, pede logo um Uber”, relata.