Atraso de obra prejudica comércio e população em Natal

Poeira, buracos, lixo e nenhuma fiscalização. Quem trafega pela avenida Jerônimo Câmara, localizada entre os bairros de Lagoa Nova e Nossa Senhora de Nazaré, enfrenta o mesmo problema diário há bastante tempo. Os trabalhos, iniciados há quase 10 anos, fazem parte de um plano de remodelamento na infraestrutura da capital potiguar para receber a Copa do Mundo da Fifa de 2014, realizada em Natal; contudo, o mundial aconteceu e o resultado não apareceu.

De acordo com a Prefeitura de Natal, responsável pela obra, os serviços na avenida substituiriam o asfalto que havia antes no local por um material de alta durabilidade, além de receber esgotamento sanitário, drenagem e a implantação de faixas exclusivas de ônibus. Os tapumes foram retirados e o que se vê é um canteiro de obras inacabado e sem sinalização, com resto de material usado na obra, detritos e dejetos.

A reportagem do NOVO foi até o local para averiguar de perto a atual situação da obra. Caminhando pela avenida, a partir do cruzamento com a av. Jaguarari até a interseção com a avenida Interventor Mário Câmara, a realidade é de um trecho esburacado. Os motoristas se arriscam em buracos cheios de lama e lixo; outros mais ousados passam pelo meio da obra, onde antes haviam tapumes isolando a área em serviço, mas que foram retirados e não repostos até o momento.

Outro problema é a falta de iluminação. A reclamação das pessoas dependentes do transporte público no local é que a escuridão aumentou a insegurança, levando a sensação de medo para a população.

Seu José Djalma, de 77 anos, é morador e comerciante na região há mais de 44 anos. Ele conversou com a reportagem e contou que a obra está largada e sem manutenção. “Aqui não tem fiscalização. Eles abandonaram a obra, o pessoal levou as telhas que fechavam a rua. E hoje está aí essa situação, lixo na rua e só problemas para os moradores. A noite é pior ainda, porque não tem iluminação daqui até a Jaguarari. A iluminação que tinha acabou, não existe” disse seu Djalma.

Lidiane Alves, administradora e moradora da região, contou para o NOVO que a grande quantidade de poeira acumulada no local fez até pessoas terem que se mudar e outras adoecerem. “Muita poeira, tem muita gente doente, em cama, por causa dessa obra que nunca acaba. Conheço moradores que se mudaram por causa dela. Outras pessoas precisam fazer a higienização da casa todos os dias porque tem idoso na residência, problemas respiratórios”.

Além disso, ela reclama da falta de atuação dos órgãos públicos para tentar diminuir os problemas: “Só aparecem aqui quando alguém faz uma denúncia (para a imprensa), alguém vem e faz alguma coisa. Tentam tapar o sol com uma peneira”, relatou Lidiane.

Entramos em contato com a Secretária Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura – Semov, para entender o motivo dos serviços na avenida estarem parados e qual é o atual cronograma de entrega. Obtivemos a resposta do secretário-adjunto de Obras da Semov, Rafael Dias, que esclareceu algumas dúvidas sobre o andamento das obras e das questões financeiras administrativas que estão impedindo a realização dos trabalhos.

“Desde dezembro de 2020 a gente tentava aprovar dentro da Caixa Econômica uma adequação de serviços considerada essencial. Passamos quase um ano para conseguir essa aprovação e enquanto isso tivemos que manter a obra parada, já que sem as adequações não seria possível executá-la”, disse o secretário adjunto da Semov.

Rafael Dias explicou que, autorizado o pagamento pelo banco, a empresa responsável pelo serviço voltará a se mobilizar para retomar a obra, que está orçada em R$211 milhões e dividida em duas etapas. Sobre os problemas de acúmulo de lixo, iluminação e insegurança, o secretário falou que a Semov vai agir para resolver essas demandas, contudo, tudo isso sem data exata.

“Infelizmente são transtornos que a obra nos traz. A iluminação existia, a gente teve que retirar; os buracos estão lá por conta da execução e também porque já estamos com essa obra paralisada há quase um ano. Tentaremos acionar o quanto antes, principalmente essa questão de tapar os buracos e repor os tapumes” finalizou o secretário de Obras.